05 December 2007

ámen.

"Podemos mudar os axiomas que nos regem se pensarmos que também eles são moldáveis. É fácil quando não nos preocupamos em ser coerentes."

Sisi

03 December 2007

Troquei A Beleza pelA Substâcia.

nunca deveria ser sido de outra maneira.

03 November 2007

Muda de chá gelado à vontade.



"diz que os sonhos é para quando se está a dormir..."


E pensar que te jurei amizade eterna.
E pensar que te adorei por seres tão terra-a-terra.
E pensar que te amei incondicionalmente.


Ainda estou por decidir se és substituível ou não, se isto é um hino ou não, se consigo perdoar sem sofrer e/ou ter saudades tuas. Se esquecer e perdoar são sequer indissociáveis.

Tu não és ninguém, tu és a amiga-padrão. Esta é a carta padrão. Tu és pelo menos seis das minhas grandes, avassaladoras amizades, que acabam porque o meu orgulho não se permite de fazer vista grossa.

Porque a história tem aquele hábito irritante de se repetir, e eu de confiar, permitir, chorar e rir.

Hei-de errar até descobrir que o benefício da dúvida não devia ser chamado assim.

Aquela que eu invejava, de forma saudável.

Aquela que eu admirava, a quem eu aspirava.

Aquela que eu respeitava e venerava, de forma democrática.

Aquela com quem eu me identificava.

Aquela com quem eu queria partilhar sucessos. Dar-te um bocadinho do meu e sorrir com o teu.

Aquela com quem eu queria partilhar suas angústias e tristezas, sofrimentos, desilusões. Sofrer como se fosse a minha dor, chorar como se fossem as minhas lágrimas.

Aquela que amava assexuada e incondicionalmente.

Aquela que era eu.

Merda, está tudo no pretérito imperfeito. (sabes o que isso significa?)

20 October 2007

"A partilha do sono é o corpo de delito do amor", Milan Kundera.


Esta noite dormi com ele. Com desejo, sem sexo, com carinho, calor de corpo humano, beijos, abraços.


Explicar, relatar, desdobrá-lo, seria desmitificar-lhe em toda a sua beleza, e retirar-lhe um pouco do seu esplendor. Esta noite foi só minha.

18 October 2007

Salad days.

Os "dias de salada" não são dias de dieta. A expressão foi usada pela primeira vez por Shakespeare em "Antony e Cleopatra", para definir os efémeros anos de juventude, onde as únicas decisões a tomar são mais leves que a mais pesada das saladas.



Não quero crescer, talvez seja por isso que me tenha apaixonado precisamente por ele. Não me apaixonei somente por ele, disso estou certa. Apaixonei-me pela vivacidade dele, jovialidade, leveza. É como Milan Kundera argumenta sobre a teoria do eterno retorno de Nietzsche em "A Insustentável Leveza do Ser": "se o eterno retorno é o fardo mais pesado, então, sobre qual pano de fundo, as nossas vidas podem recortar-se em toda sua esplêndida leveza? (...) Que escolher, então? O peso ou a leveza?"



Eu prefiro a leveza.



Quero ser leve e nunca, nunca crescer. Toda a gente tem um complexo Peter-Pan, certo?

Ser despreocupada para sempre, adiar a "adultez" o mais possível, não dormir para não acordar um dia mais velha. Quero manter a minha ingenuidade e simplicidade. Crescer é ficar calculista e cínica, tal como o mundo dos adultos o é.



















Quero continuar a dançar com os ombros desprovidos de qualquer peso, para poder movimentar-me pela sala com maior facilidade. Ouvir aquela música juvenil e beber frisumo, ao mesmo tempo que me perco dos braços gigantes de um puto.



Quente e pesado, o hálito dele deixa-me leve, levezinha por entre aqueles beijos. Uma criança num corpo de homem, e uma pequena sonhadora aprisionada num corpo de mulher.



Perco-me.



Esqueço quem sou, o que sou, o que faço, de onde vim, para onde vou.

Esqueço toda a minha essência, desapareço em mim própria para nele me reencontrar.

Tudo isto quando me beija.

Um furacão de emoção silenciosa, que finalmente me deixa recuperar o folêgo em apneia.

Ele fá-lo propositadamente, estou certa. Percebe o efeito que tem em mim, dá-me muito para tirar-me mais ainda. E é essa a dicotomia que nele atrai.



Faz pequenas pausas de prazer, que me parecem eternidades. Pequenas pausas no prazer que me preparam para um prazer maior. Um prazer que chega a doer pelas mãos da dúvida de o voltar a ter.

Recupera o fôlego e pára.
Pára bruscamente.
Dá-me oportunidade de recuperar, caso contrário chegaria ao ponto de ser demasiado, o prazer. Demasiado doloroso, uma emoção a qual o corpo não está preparado. O momento fugaz suficiente para me olhar nos olhos, com um misto de desejo e insatisfação, uma insatisfação furiosa, de quem quer mais, um desejo carinhoso, de quem tem que lhe baste. Não sou objecto nem objectivo, naquela pausa propositada de prazer. Sou tudo. Naquele momento sou o ar que ele respira, a pele que ele cheira, o sentimento que o alimenta.



Recupero para voltar a perder-me. Deixar-me perder. Naqueles braços monstruosos, naqueles suspiros de prazer que é desejo, naquela ânsia que é dor, aquela ternura violenta e vigorosa, naquela leveza que é o prazer.







"Think of salad days, they were folly and fun, they were good, they were young", Young Marble Giants.

29 September 2007

it ain't necessarily so.


Be wary of others

The ones closest to you

The poison they feed you

And the voodoo that they do

But in rebellion

There's a sparkle of truth

Don't just stand there

Do what you got to do

You'll find it in rebellion

Your body starts breathing

They're not believing what they're seeing

'Cause you're rebellion

You'll find it so compelling

With everyone yelling

'Cause your soul, you're not selling

'Cause you're rebellion

16 September 2007

"If I ever hurt you, your revenge will be so sweet because i'm scum."

If i stop lying i'll just disappoint you.


























"So I sing a song
To reel 'em in
It's a song I've sung before
And a song I'm gonna sing again
I mean every word
I don't mean a single one of them

Oh Lord, make me pure - but not yet

I don't have to try
I just dial it in
I've never found a job that for me was worth bothering
I got a ton of selfish genes and lazy bones beneath this skin
Oh Lord, make me pure, but not yet

Smoking kills
Sex sells
I've got one hand in my pocket but the other one looks cool as hell
I know I'm gonna die so my revenge is living well
Oh Lord, make me pure, but not yet

I stopped praying
So I hope this song will do
I wrote it all for you

I'm not perfect but you don't mind that, do you?
I know you're there to pull me through, aren't you?

So I look for love
I like the search
And I'll be standing for election all across the known universe
Every president get the country she deserves

Oh Lord, make me pure, but not yet

And I've been seeing
Somebody's wife
She said she'd leave him for me and I said that wasn't wise
You can't lie to a liar because of all the lies
Oh Lord, please make me pure,but not yet."

04 September 2007

Gioia e dolore han lo stesso sapore con te.

"Ho combattuto il silenzio parlandogli addosso
E levigato la tua assenza solo con le mie braccia
E più mi vorrai e meno mi vedrai
E meno mi vorrai e più sarò con te
E più mi vorrai e meno mi vedrai
E meno mi vorrai e più sarò con te
E più sarò con te, con te, con te
Lo giuro"

"Ora che sarai un po' sola
Tra il lavoro e le lenzuola
Presto dimmi tu come farai
Ora che tutto va a caso
Ora non sono più un peso
Dimmi quali scuse inventerai
Inventerai che non hai tempo
Inventerai che tutto è spento
Inventerai che ora ti ami un po' di più
Inventerai che ora sei forte
E chiuderai tutte le porte
Ridendo troverai una scusa
Una in più
(...)
Qualche cosa ti consola
Con gli amici il tempo vola
Ma qualcosa che non torna c' è
C' è che ho freddo e non mi copro
C' è che tanto prima o dopo
Convincendoti ci crederai
Ci crederai che fa più caldo
Da quando non mi hai ormai più accanto
E forse è meglioperché sorridi un po' di po' di più

E il mio ricordo ti verrà a trovare quando starai troppo male
Quando invece starai bene resterò a guardare
Perché ciò che ho sempre chiesto al cielo
È che questa vita ti donasse gioia e amore vero"


"E' la vita che unita al dolore si ciba di te
E della tua strada sbagliata
E continui a pensare, placando il tormento, che bello se non fossi mai nata"


"Ricorderò e comunque anche se non vorrai
Ti sposerò perché non te l' ho detto mai
Come fa male cercare , trovarti poco dopo
E nell' ansia che ti perdo ti scatterò una foto

Ricorderò e comunque e so che non vorrai
Ti chiamerò perché tanto non risponderai
Come fa ridere adesso pensarti come a un gioco
E capendo che ti ho perso
Ti scatto un' altra foto

Perché piccola potresti andartene dalle mie mani
Ed i giorni da prima lontani saranno anni
E ti scorderai di me
Quando piove i profili e le case ricordano te
E sarà bellissimo
Perché gioia e dolore han lo stesso sapore con te

Vorrei soltanto che la notte ora velocemente andasse
E tutto ciò che hai di me di colpo non tornasse
E voglio amore e tutte le attenzioni che sai dare
E voglio indifferenza semmai mi vorrai ferire
(...)
Cosa può significare sentirsi piccolo
Quando sei il più grande sogno il più grande incubo
Siamo figli di mondi diversi una sola memoria
Che cancella e disegna distratta la stessa storia"

03 September 2007

shame on ME!

Nem sequer posso chorar por estar num local público. Que frustração. E agora? Como transcrever este sentimento se nem sequer objectividade politicamente neutral tenho?

A neutralidade é coisa que não existe. Que se lixe.

Estou cansada.

Só quero tentar perceber como é que agora canalizo este sentimento tão devastador, que me terrifica e me mata.

Vou foder, vou estragar-me e foder com todos os homens que me aparecerem à frente, sem distinção de idades, amizades, nada. Não quero saber se forem pais de amigas minhas, vizinhos mais velhos, os namorados da minha mãe. Vou foder com todos. Sim, porque até hoje fui sempre eu a enganada. E porquê?? Porquê é o que eu quero perceber. Visto que o amor é algo que não existe, só pode ter sido por sexo. Só pode. Nestes casos o amor não é plausível. Não pode ser, NÃO QUERO QUE SEJA, bolas! Merda, raios. Foda-se!


Tenho de admitir, não obstante a minha fúria que poderia cegar-me, ainda sou razoavelmente racional.
Sim, admitindo ela é linda. E magra. Tem aquela cara angelical e infantil, em longos cabelos ondulados virgens, e usa sempre mini saias. Parece uma colegial. Um bronzeado castanho naquelas formas pequeninas: mãos pequenas e subtis, dedos longos, barriga lisa, ancas estreitas, seio pequeno.

Ela é linda. Só lhe falta a personalidade.

Ainda bem que estou a não sei quantos kilómetros de distância, estou capaz de matar um dos dois.


Digam-me, como posso eu depois de isto voltar a confiar em algum outro homem ou, neste caso, mulher?
Duas vezes penso eu consecutivas. Como pode acontecer?


Sinto-me mal. Fisicamente mal.
A cabeça anda numa roda e o estômago num frenesim.
Acho que vou vomitar.
Não sei se é do cigarro que fumei em quatro bafos, se a estalada virtual da notícia, se o calor, se a raiva, se o pessimismo, se o ódio.
E pensar que o ano passado saíamos juntas, falávamos de homens, eu até cheguei a comprar-lhe um presente. Será que quando ela me convidou para o seu aniversário eles já estavam juntos? E pensar que considerei ir.


Enfim...nem quero pensar.
NÃO quero pensar.
Não quero pensar.


"O fazer é inimigo do pensar", para o mal ou para o bem.
E é o que vou fazer. Vou fazer para não pensar.

Vou fazer, fazer, fazer.
Até as pernas doerem, até os ossos cederem, até o cérebro explodir.

Este sentimento só pode ser investido em algo positivo, é uma fonte de energia demasiado grande, instável, perigosa e destrutiva para ser desperdiçada em auto-comiseração.

11 August 2007

That is a hell of a good question.

So open up your morning light
And say a little prayer for I
You know that if we are to stay alive
Then see the peace in every eye

She had two babies, one was six months, one was three
In the war of '44
Every telephone ring, every heartbeat stinging
When she thought it was God calling her
Oh, would her son grow to know his father?

I don't want to to wait for our lives to be over,
I want to know right now what will it be
I don't want to wait for our lives to be over,
Will it be yes or will it be...sorry?

He showed up all wet on the rainy front step
Wearing shrapnel in his skin
And the war he saw lives inside him still,
It's so hard to be gentle and warm
The years pass by and now he has granddaughters

You look at me from across the room
You're wearing your anguish again
Believe me I know the feeling
It sucks you into the jaws of anger
So breathe a little more deeply
All we have is this very moment
And I don't want to do what his father,
And his father, and his father did,
I want to be here now

So open up your morning light,
And say a little prayer for I
You know that if we are to stay alive,
Then see the peace in every eye

the cost is so much more than I can bear.

A amizade - ou, como eu gosto de a chamar, a forma assexuada de amor -, é confiarmos a nossa felicidade a outra pessoa.

Em nome daquilo em que acreditamos, do próprio amor, depositamos não a nossa confiança na pessoa amiga, como depositamos nela tudo em que acreditamos, a nossa fé, o nosso amor, os nossos valores de fraternidade e cumplicidade, e assim abdicamos do poder total que detemos de ser felizes; aquele livre-arbítrio que se diz de todos. Passamo-la como se fosse um testemunho. "Toma, isto sou eu, transporta-la cuidadosamente."


E como é que a outra pessoa sabe que lhes estamos a confiar bem tão precioso?
Não sabe.
Esperamos que ela compartilhe dos mesmos valores e crenças, e fazemos figas para ela perceber.

E se ela não percebe?
Não temos maneira de saber senão magoar-mo-nos.


Deve ter sido por isso que tantas vezes cai. Talvez deva tornar-me um pouco mais céptica.




E se ela não percebe?
Bom, o ódio e a vingança de nada servem, são sentimentos somente auto destrutivos.
E o desprezo? Também, porque muitas vezes é ódio camuflado.
O que nos resta então fazer?
A velha máxima de aprender. Que mais haveria de ser?

E partir do principio que o erro foi nosso.


Heaven bend to take my hand
And lead me through the fire
Be the long awaited answer
To a long and painful fight
Truth be told I've tried my best
But somewhere along the way
I got caught up in all there was to offer
And the cost was so much more than I could bear

Though I've tried, I've fallen
I have sunk so low
I messed up
Better I should know
So don't come 'round here
And tell me I told you so

We all begin with good intent
Love was raw and young
We believed that we could change ourselves
The past could be undone
But we carry on our backs the burden
Time always reveals
In the lonely light of morning
In the wound that would not heal
It's the bitter taste of losing everything
That I've held so dear

Heaven bend to take my hand
Nowhere left to turn
I lost to those I thought were friends
To everyone I know
Oh, they turn their heads embarassed
Pretend that they don't see
But it's one missstep you'll slip before you know it
And that doesn't seem away to be redeemed

13 July 2007

my first...mistake.

"Crashed on the floor when I moved in

This little bungalow with some strange new friends

Stay up too late, and I'm too thin

We promise each other it's 'til the end

Now we're spinning empty bottles

It's the five of us

With pretty eyed boys girls die to trust

I can't resist the day

No, I can't resist the day


Jenny screams out and it's no pose

'Cause when she dances she goes and goes

Beer through the nose on an inside joke

And I'm so excited, I haven't spoke

And she's so pretty, and she's so sure

Maybe I'm more clever than a girl like her

Summer's all in bloom

Summer is ending soon


It's alright and it's nice not to be so alone

But I hold on to your secrets in white houses


Maybe I'm a little bit over my head

I come undone at the things he said

And he's so funny in his bright red shirt

We were all in love and we all got hurt

I sneak into his car's cracked leather seat

The smell of gasoline in the summer heat

Boy, we're going way too fast

It's all too sweet to last


It's alright

And I put myself in his hands

But I hold on to your secrets in white houses

Love, or something ignites in my veins

And I pray it never fades in white houses


My first time, hard to explain

Rush of blood, oh, and a little bit of pain

On a cloudy day, it's more common than you think

He's my first mistake


Maybe you were all faster than me

We gave each other up so easily

These silly little wounds will never mend

I feel so far from where I've been


So I go, and I will not be back here again

I'm gone as the day is fading on white houses

I lied, wrote my injuries all in the dust

In my heart is the five of us

In white houses


And you, maybe you'll remember me

What I gave is yours to keep

In white houses."

It's all too sweet to last.

"(...)
Nobody sees when you are lying in your bed
And I wanna crawl in with you
But I cry instead
I want your warm, but it will only make
Me colder when it's over,
So I can't tonight, baby

No, not "baby" anymore - if I need you
I'll just use your simple name
Only kisses on the cheek from now on
And in a little while, we'll only have to wave

My hand won't hold you down no more
The path is clear to follow through
I stood too long in the way of the door
And now I'm giving up on you

No, not "baby" anymore - if I need you
I'll just use your simple name
Only kisses on the cheek from now on
And in a little while, we'll only have to wave."

30 June 2007

Isto não sou eu a exagerar, juro.

Isto põe em causa tudo aquilo que sou. Tudo aquilo em que me orgulho. Todas as razões que me tenho dado para viver.






E se eu não for assim tão gira? E se eu não for assim tão íntegra? E se os meus amigos não forem assim tão amigos? E se eu viver numa pequena bolha onde não consigo olhar para mim de fora dela e, ver de dentro para fora - iludida que estou a ver de fora para dentro -, a realidade é um tanto destorcida?






E se acreditar em tudo o que acredito tem sido um enorme, redondo erro?






"Isto" não é nada, é simplesmente isto. Sou simplesmente eu a ser estúpida e a fazer pouco sentido, e a expressar os meus sentimentos num blog, visto que na vida quotidiana os reprimo.


Isto sou eu a tentar ser compreendida, porque sou demasiado estúpida para não o fazer.



"Isto" é um escape. Um escape que purga toda a miséria, toda a cólera, toda a merda.
Sem ele estaria perdida, consumida em ira: um dos sete pecados capitais - não deve ser por acaso.






Porquê que eu não me salvo, e estou à espera de ser salva?




"you'll rescue me right,


in the exact same way they never did?


I'll be happy right,


when your healing powers kick in?


you'll complete me right?


then my life can finally begin


I'll be worthy right?


only when you realize the gem I am





but this won't work now the way it once did


and I won't keep it up even though I would love to


once I know who I'm not then I'll know who I am


but I know I won't keep on playing the victim





these precious illusions in my head


did not let me down when I was defenseless


and parting with them is like parting with invisible best friends








(...)


this pill will help me yet?


as will these boys gone through like water





but this won't work as well as the way it once did


cuz I want to decide between survival and bliss


and though I know who I'm not I still don't know who I am


but I know I won't keep on playing the victim





these precious illusions in my head


did not let me down when I was a kid


and parting with them is like parting with a childhood best friend








I've spent so long firmly looking outside me


I've spent so much time living in survival mode"

26 June 2007

Aquela ali, não sou eu.

Tentei fazer da minha dor arte, mas sou limitada.
Limito-me recolhendo todas as energias a sentir essa dor, por ser o sentimento por excelência. Por ser eu em forma de ti. Por seres tu através de mim.
Então vou deprimir, e nada farei dela ou de mim. Não consigo dar-lhe a utilidade que merece porque não sou confiante o suficiente para ousar crer que será pertinente para alguém que não eu.
Então vou deprimir.
Vou continuar a refugiar-me no ilogismo do amor como cobarde que sou.
E vou sofrer e chorar e sofrer e chorar uma e outra vez.
Porque a dor que me infliges é tudo o que tenho, e nunca poderia ser atenuada, tanto fosse ela propositada ou não. Se fosse propositada seria má o suficiente, se não fosse seria terrível.
A minha cobardia também não me permite abstrair-me de mim própria, estou condenada por existir.
Ou sequer deixar-te partir, estou condenada por existir .
Ou ousar permitir-me amar outro alguém, estou condenada por existir.
Sendo esta a maior montanha que já alguma vez senti, e sendo eu a única dona daquilo que sei sentir, se encontrar uma outra – passível de ser sentida por mim – simplesmente enlouquecerei. Mais ainda. Portanto não posso, estou limitada por existir. E não o faço pois na esperança que a loucura presente ainda esteja a tempo de ser reversível (vá-se lá saber de que forma).
E assim continuarei a desperdiçar inspiração, só e porque de outra forma não poderia ser, estou condenada pela minha cobardia, e por existir – será esta última frase redundante?
Sou passiva, tão passiva, que encolho os ombros perante isso. Não me é dada escolha na construção da minha própria identidade ao longo do processo de te amar porque é isso que agora me identifica: o facto de não conseguir fazer a menos condiciona toda a minha existência e compromete toda a minha identidade.


E o contrário não pretendo, tentar seria um desperdício de tempo, sei que estou condenada pelo meu existir.

25 June 2007

Tudo é alegoria, e fugir de nós mesmos só é fácil para quem está habituado a fazê-lo.




"Girls can wear jeans
Cut their hair short
Wear shirts and boots
'cause its ok to be a boy

But for a boy to look like a girl is degrading
'cause you think that being a girl is degrading
But secretly you'd love to know what its like,
Wouldn't you?
What it feels like for a girl

Silky smooth
Lips as sweet as candy, baby
Tight blue jeans
Skin that shows in patches
Strong inside but you don't know it
Good little girls they never show it
When you open up your mouth to speak,

Could you be a little weak?

Do you know what it feels like for a girl?
Do you know what it feels like in this world,
For a girl?

Hair that twirls on finger tips so gently, baby
Hands that rest on jutting hips repenting
Hurt that's not supposed to show
And tears that fall when no one knows
When you're trying hard to be your best
Could you be a little less?"

Madonna, "What it feels like for a girl"

11 June 2007

com a verdade me enganas

"-Não gosto de ti, és feia e burra."

apneia.

Quase que o vejo a falar comigo. Fecho os olhos e sustenho a respiração. E imagino-o. Ele diz-me qualquer coisa, o tema não importa. O tempo e o espaço muito menos. A dor de suster a respiração quase que torna a minha fantasia real. Acrescenta-lhe uma dimensão física. Confere-lhe dor. Confere-lhe tempo, espaço, sentimento. Se nada sentir, menos real será. Sustenho a respiração o maior tempo possível, porque quanto mais aguentar, mais tempo durará aquela pequena meditação que me confere um realismo incrível do diálogo que ele está a ter comigo. Sinto-me afogar... Respiro. E a dor acaba, o sentimento da dimensão física termina, a fantasia desvanece-se. Volto a suster a respiração. A dor torna-se mais intensa, o cérebro lateja-me, e vejo-o. É clara a imagem. Simultaneamente, mais uma vez numa situação agridoce, tenho a mais pura das sensações de serenidade, e a mais intensa sensação de dor. Dor que é física. Quero-o. Quero-o mais que tudo aqui, presente, agora, comigo. E afinal o tempo já é importante: agora.
Consigo ouvir o seu tom de voz fantástico... não penso em nada. Nem aqui estou. Viajo sem drogas ou aeroportos, viajo no contexto espacio-tempotal apenas com o poder da mente. O poder do desejo. Obrigo-me a sonhar acordada, já que os sonhos recalcados no meu inconsciente não me falam de ti. Ou falam, mas na linguagem mística dos sonhos, e eu não tenho paciência para isso, eu quero ver-te.
E as tuas interrogações? Aqui, aqui mesmo, as consigo ouvir. O silêncio da solidão sussurra-me com a tua voz, e fala-me em interrogações. Todas as interrogações com a tua voz sabem bem. É o ênfase que dás nas últimas sílabas da frase, que se transforma num pequeno, subtil, camuflado assobio. E um assobio com uma ilusão nobre. Um falar cortês que te é tão natural... Porque algo assim nunca poderia ser forjado, daí a tua nobreza natural, o teu sangue azul genuíno. A nobreza não está na linhagem, nem na família, nem na educação. Nem nos genes. A nobreza é puramente pessoal. Nasce uma pessoa verdadeiramente nobre de cem em cem anos. E não se vê a nobreza pelas posses, pela cor da pele, pela família, por nada disso. Vê-se pela sua postura. Se uma pessoa tiver de ser nobre, pode ter crescido numa favela do Brasil que um dia ela encontrar-se-à e será distinta de todas as outras pessoas por ser um exemplar exímio de nobreza, e isso simplesmente sabe-se. Tu deves saber que és nobre. Seja de que forma for. Sabes-te superior. Ou porque desvendaste algum segredo existencialista que é demasiado difícil de explicar aos comuns mortais, ou porque nasceste assim. Sentes-te assim, superior, e só o facto de acreditares nisso como um dado adquirido, ninguém se incomoda a negar. És uma dessas pessoas abençoadas com sucesso. Seja o sucesso que quiser. Seja o sucesso de fazer da sua dor arte, da sua depressão comédia, da sua pobreza riqueza, da sua diferença distinção. Seja o que for. És mais que todos nós sim, só por seres tu mesmo. E isso nota-se no assobio das tuas interrogações, porque não há assobio igual. Se queres mesmo ganhar uma argumentação ganhas. Lanças aos comuns mortais duas ou três interrogações retóricas e nós, hipnotizados pelo som melódico do teu assobio, não saberemos contra-argumentar.
És fantástico porque és uma ilha. Sabes-te superior e só isso te importa, viver em Alcatraz. Fechado. Isolado. E mostras-te a quem queres, e tens o que pretendes, e encontras o que procuras. Porque és grandioso demais para dares-te ao luxo de não seres um ser intrinsecamente social, porque és grandioso demais para te dares ao luxo de rejeitares qualquer ritual social (que nós, porém, temos uma necessidade enorme de respeitar), porque és quase divino e ultrapassas tudo o que nós valorizamos. Valores como o amor, a amizade, a lealdade, o respeito; são tudo coisas plebeias para ti. Sabes que são coisas mundanas, estúpidas. Para ti nada disso existe, esses são simplesmente elementos ilusórios que os mortais criam com o único propósito de darem alento à sua pequenez na vida. E eles são fascinantes por criarem esses mecanismos de auto defesa para a depressão, de viverem numa ilusão por eles criada, mas tu és ainda mais fascinante por teres desvendado o sentido e o significado da vida. E não o partilhas com ninguém porque simplesmente tens essa escolha. Por isso és divino. Estás sentado na tua esfera lado a Deus (outro elemento de auto defesa), sabes tanto quanto Ele.
Manipulas os mortais quais marionetas num místico perverso jogo que para ti deve ser divertido, com um distorcido ideal de livre arbítrio e justiça. Mas o livre arbítrio e a justiça são elementos ilusórios quando tudo sabes e tudo prevês. É só isso que te torna omnipotente: tudo aquilo que sabes mais do que nós, é tudo aquilo que utilizas contra nós, disfarçado de um livre arbítrio. E és egoísta e injusto, igualzinho a Deus. Fazes-nos sofrer com a dor do teu silêncio e ambiguidade das tuas respostas, sob o pretexto de aprendermos alguma lição que nunca aprenderemos, ou de pôr-nos a uma prova que falharemos.
E não nos dás respostas. E só poderias ser considerado ingénuo ou algo menos que divino a menos que quisesses.
E ao aperceber-me de tudo isto, chorei por nada ser e nada compreender, e chorei por ter de utilizar tantos vocábulos numa tentativa desesperada de ser como tu e assim de me salvar. E peço perdão se tive de utilizar tantos termos incorrectamente ambíguos para me explicar. E peço desculpa por ser normal. Porque a tua linguagem é transcendente, e eu assim não sei falar. De transcendente só sei suster a respiração.
Se tudo souber, se em ti me transformar, pode ser que te tenha então, num processo descabido de correlação.

A propósito de nada.

Há coisas, sinceramente, que nunca pensei vir a testemunhar no mundo dos adultos. O secundário já foi há imenso tempo, e parece que já me tinha esquecido das atrocidades de que somos capazes em prol do nosso próprio ego. Ao crescermos devíamos tornar-nos pessoas mais confiantes e seguras de si, não? Agora que temos uma melhor ideia do que somos, de quem não queremos ser, de onde viemos e principalmente para onde vamos, não deveríamos ter a nossa identidade já definida ao ponto de sermos seguros e confiantes daquilo que fizemos de nós próprios? Não deveríamos reclamar a nossa identidade justificando-a simplesmente com ela própria? A nossa identidade deveria ser a causa de si própria. Porque é isso que ela é. E apesar de o conceito identidade ser uma coisa complexa, é só isso que ela pode ser, nada mais.
Porquê que, ainda hoje em dia, as pessoas têm uma necessidade de reclamar a sua superioridade não por ela em si, mas sim sublinhando a inferioridade dos outros? Que imagem distorcida é esta que nos faz crer que quando o outro é menos, então nós seremos mais? Pensei que os adultos, ou os jovens adultos – especialmente os que são obrigados a fazerem essa transição de amadurecimento (porque sim, porque faz sentido, mas especialmente porque a vida profissional não está longe) –, tivessem deixado as ditas mesquinhices de parte à muito. Com pesar, admito ter-me equivocado. Estava ingénua (sim, estava, não é gaffe gramatical. Estava porque não estou, estava porque não sou) e quis acreditar, digamos, na cristandade das pessoas. Seria de esperar que os traços gerais (bastante gerais!) do cristianismo fossem as bases onde assentam a nossa sociedade (já que ela é constituída por uma maioria de cristãos declarados). Seria de esperar que essas mesmas bases gerais fizessem parte do senso comum, da educação geral da população. Chego mesmo a acreditar que esses valores não são sociais, mais sim genéticos, transmitidos em nós pela corrente sanguínea. Até um vagabundo percebe esses conceitos de igualdade, justiça, compaixão, fraternidade. Todos nós os entendemos, e custa-me perceber como é que as pessoas conseguem desejar algo que nem elas cumprem. Como podes tu, desprezar o que desejas? Como podes não cumprir com o que rezas? Aquela coisa de amar o próximo, de perdoar, de não tentar colmatar uma injustiça cometendo outra, de saber que violência só gera violência, etc. Coisas triviais, frívolas até, já cansadas nos reportórios de alguns cristãos tolos. Eles são tolos sim, tolos que ambicionam um mundo melhor. Um bocado como os anarquistas. Que ironia, doutrinas quase dogmáticas à partida antagónicas, terem tanto em comum. Pessoalmente não sou cristã, e a fé não é algo que me acompanha. Mas gostaria. Gostaria de ter um alento para viver, para não andar perdida a questiona-me que é feito da boa vontade das pessoas, e a produzir textos que mais parecem o sermão Domingo do padre da paróquia mais próxima.
O que sinceramente me desilude, e abandonando o tema da religião, para além da minha ingenuidade e fé nas pessoas (afinal tenho fé, sim, acredito que toda a gente, à partida, não me magoará), é o ponto até onde certas pessoas nos conseguem destruir (com poucas e aparentemente inofensivas palavras) para conseguirem (re)construir-se. E mais do que isso, é a inteligência e a energia que empenham em tão desprezível acto, com o objectivo de o fazerem de forma camuflada, tão matreira que magoa pelo humildade que aparenta ter. Ouçam e pensem. Eu e tu somos duas dimensões completamente diferentes. O facto de eu ser bom, não invalida o facto de tu também seres bom. Para quê essa competitividade reprimida com o próximo, se o troféu não é único? Se eu for bem sucedido, sendo eu uma dimensão diferente de ti, tu não és necessariamente mal sucedido porque não tens necessidade nenhuma de te comparares a mim. Portanto, – e desculpem se subestimo a vossa inteligência, meus poucos leitores, é que repetir-me assim nem sequer me agrada, é só uma figura de estilo para ver se imprimo de forma clara no espírito de duas ou três pessoas o que tento explicar – se eu for mais, tu também podes ser mais (e não precisas de, em comparação, ser menos); e o facto de eu ser menos, não te torna mais. Então, se isto é-te bastante claro e simples, porquê que tens essa necessidade constante de afirmar-te superior (re)lembrando-me da minha inferioridade? E não deveríamos nós orgulhar-nos do sucesso das pessoas que nos acompanham porque, ao menos, é a prova de que soubemos escolher as nossas amizades? Porquê que, ao contrário do que se pensa, o sucesso dos outros não pode ser o nosso sucesso também? Se existe uma descabida prorrogação nas dimensões do “eu” e do “tu” que é, a meu ver, uma correlação passivo-agressivo-negativa (adoro inventar palavras), não vejo razão porque não essa contaminação de dimensões não pode, simplesmente, ser positiva. É que na infância e na adolescência, somos mesquinhos sim, e o somos quase com um orgulho que não é natural, a cada oportunidade. Mas somos desculpados por estarmos ainda sob a pressão de termos de construir a nossa própria identidade – o que é uma coisa que nos deixa um tanto à toa, pela sua existência quase completamente auto-didacta. E porra! Ao menos somos mais sinceros, porque dizemos aquelas coisas como: “olha, olha, eu tenho isto que tu não tens!”, e deitamos a língua de fora porque somos simplesmente idiotas. Mas porquê que o facto de o outro nos invejar nos dá tamanha sensação de imponência? Bem, vou desistir de fazer interrogações retóricas às quais não encontrarei respostas, vou simplesmente ser um de nós. Porque já o sou.

03 June 2007

Apaixonei-me. (o blog já começa a descambar)


A ver se substituo uma obsessão por outra. Não menos ridícula mas...


Também é actor, também tem uma banda de merda a fugir para o emo juvenil, também é incompreendido, e também é um pouco homo-erótico. Havias de gostar dele.



É tão cliché, gostar de homens com essa cor de olhos.

Partes de mim, que são partes de ti.




You're beautiful so silently
It lies beneath a shade of blue
It struck me so violently
When I looked at you
But others pass, they never pause,
To feel that magic in your hand
To me you're like a wild rose
They never understand why
I cried for you
When the sky cried for you
And when you went I became a hopeless drifter
But this life was not for you
Though I learned from you,
That beauty need only be a whisper

I'll cross the sea for a different world,
With your treasure, a secret for me to hold
In many years they may forget
This love of ours or that we met,
They may not know how much you meant to me.

I cried for you
And the sky cried for you,
And when you went I became a hopeless drifter.
But this life was not for you
Though I learned from you,
That beauty need only be a whisper

Without you now I see,
How fragile the world can be
And I know you've gone away
But in my heart you'll always stay.

I cried for you
And the sky cried for you,
And when you went I became a hopeless drifter.
But this life was not for you,
Though I learned from you,
That beauty need only be a whisper
That beauty need only be a whisper

Faz-me um filho.

Sim, faz-me um filho.
Desfigura-me o meu já imperfeito corpo com os teus genes.
Dá-me a única coisa que posso ter tua, a honra de perpetuar a tua beleza por mais uma geração. Já to expliquei noutro post.

Ainda por cima és o único filho homem de uma família de quatro irmãos. Quero ter os teus genes dentro de mim por nove meses, e depois por uma vida. Quero exteriorizar o meu amor por ti, materializá-lo; já que o resto não preciso.



02 June 2007

É o sentimento que fica por identificar.

É uma coisa assim... que me assola.

E o único desejo que advém dela, é um puramente altruísta.
Nem feliz o quero fazer, porque sei que não posso.

Pergunto-me simplesmente: será que ele sabe? Que ele percebe? Terá ele o direito de saber?

Só isso, que me assola.
Porque amá-lo (em algum segredo) é quase satisfação suficiente.

Sou louca, sim. Choro ao ver comédia, rio ao lembrar-me de coisas que são tristes, e mato saudades pelo you tube.

23 May 2007

'knowledge is pain, i'm used to know that'

Os doentes que padecem de qualquer coisa crónica e que, por conseguinte, experienciam também uma dor qualquer crónica, adaptam-se.

Os analgésicos a certo ponto deixam de fazer efeito, e alguns viciam-se neles, outros habituam-se à dor.


Eu só espero habituar-me. Sinto que ela já faz parte de mim e sei, sinto que nunca me deixará. Se me deixasse, deixaria também um vazio dentro de mim, estou certa. Porque esta dor representa algo muito mais nobre, muito mais digno de ser sentido, seja bom ou mau. Esta dor representa-te, e estou certa que não quero que me abandones mais. Ela lateja em mim nas minhas dores de cabeça, é parte do meu conhecimento, vejo e sinto e sou através dela. Se calhar não é ela parte de mim mas eu parte dela.



Espero habituar-me. E espero conseguir viver com ela, em empatia ou não. Simplesmente estar ciente dela, reconhecer o facto de ela existir e de se extinguir somente comigo, mas é principalmente por isso, por me ser um dado adquirido, que espero conseguir lidar com ela, controlá-la, contorná-la, adaptar-me. Espero conseguir torná-la parte do quotidiano, e fazer de si parte integrante de mim; de tal forma, que não terei de desabafar, reprimir-me, recalcar. Esta dor não só será minha e eu não só serei ela. Será eu.

Dor, logo eu.

Eu, logo dor.

E vou fazê-la parte de mim como um vulgar e reflexivo respirar.

Será simplesmente o anestesiar de um músculo, o medicar de um corpo, o adormecer de uma dor.

Apeteceu-me ser fácil.


Recriei tudo para poder estar contigo estando com ele. Nem o deixei falar muito, para poder ser mais fácil recorrer à minha fantasia. E fui mais longe com ele (mas não longe demais) como eu gostaria de ter ido contigo.

Fomos (não eu e ele, mas eu e tu) para o tal miradouro. Eu recriei a atitude, as frases, os temas, muitas das palavras daquele dia. Por coincidência tinha o mesmo casaco vestido, e cheguei mesmo a recriar a mesmo movimento célebre que te provocou aquela erecção pré-beijo(s), que, porventura, lhe provocou uma erecção também. Fui demais. Fui confiante e sedutora, e pedi-lhe para que me contemplasse despida, com a expressão de um misto de desejo e prazer que eu gostaria de ter visto na tua cara. Até pelo teu nome o chamei, porque eu e ele temos uma espécie de dinâmica mórbida, onde (como ficou provado) quase tudo é permitido. (Mas depois chamei-lhe outros tantos nomes, e o teu foi só um que fui repetindo no meio de todos os outros, porque percebi que ele é demasiado sujo e medieval para ser tratado pelo nome que te identifica.)

21 May 2007

Vai-te foder! Mas não morras, porque assim é que nunca te esquecerei.

Basta.
Já chega de tentar amar outros homens logicamente melhores que tu.
De hoje em diante, serei devota a ti e a ti só. E serei um mártir sofredor, e fecharei o meu coração a sete chaves. E toda a minha existência se baseará nisso.
Já chega de tentar substituir-te. Não és substituível sequer.
Impossível, digam-me o que me disserem. Nunca amarei ninguém como te amo a ti. E não tentarei negá-lo nunca mais (pelo menos a mim própria). Não adianta só acreditar que não te amo, ou que algum dia poderei deixar, porque amo. Porque sim.
Vou ser devota a ti e terei o coração envolto na muralha da China. Impedirei qualquer sentimento futuro porque és o homem mais nobre a amar.
Amo-te meu filho de uma puta desnaturada.
Odeio-te.
Odeio-te porque só te posso amar. A ti. E não tenho escolha.
Merda. O filho da puta do amor é assim, não nos deixa hipótese. É um sentimento demasiado nobre para poder aceitar em si conceitos como o de esquecer alguém, ou de “ultrapassar” alguém.
Amo-te meu filho da puta.
Amo-te, e esta prosa poética é uma merda e a culpa é tua.

Conheço homens lógica e tecnicamente mais interessantes que tu, outros mais giros, outros mais misteriosos, outros mais ricos, outros mais disponíveis sentimentalmente, todos que me adoram e veneram como a puta de uma rainha. Veneram-me como eu não mereço ser venerada. E não consigo. Eles já viajaram o mundo, e são mais velhos que tu, mais sabidos que tu, não obstante mais interessantes, porém. És uma merda porque carregas em ti a sabedoria de mil nações, duas mil gerações, seis mil povos. E isso tudo é-te inato. Ou dado adquirido. (Ou se calhar ambos, porque as duas merdas que disse antes são sinónimas.) Percorreste o mundo com a tua mente, e sabes mais que os persas, os romanos, e os gregos juntos. És um génio, que tem em si por descobrir (pareces não o demonstrar, mas por alguma razão que é tipicamente obscura, nos recônditos da tua mente em espiral infinita sabes que tens) mais teorias fundamentalistas que o Sócrates, e o Marx, e o Pitágoras, e o Einstein, e os Illuminati todos. És um filósofo que eu amo, e esta prosa poética de merda é culpa tua.

Filho de uma puta maldita. Amaldiçoaste-me para o resto da vida. Não é fatalismo, simplesmente nunca serei a mesma.

(Dá-me esse amor que eu tanto anseio, para eu poder esquecer-te. Por favor.)

20 May 2007

Quem é de quem?

Assim neste meu actual estado de insanidade, TUDO é alegoria para mim.

Porque mesmo que um dia o meu desejo/obsessão de "pose" se concretizasse, ele nunca seria meu, eu é que seria dele.
Já o sou.

Tudo é alegoria.
TUDO.






"...because the best things in life are not the things you own, but the things that own you."

Tudo é alegoria.

19 May 2007

Custa-me tanto admitir.

Tudo o que esta (des)ilusão me ensinou:


(atenção, não foi ele, foi a desilusão. E porquê não faço ideia. Ou faço, só que não me apetece agora fazer aqui uma longa dissertação introdutória, apetece-me simplesmente passar aos factos – ainda bem, e creio eu – positivos; adoro listas, já sabem.)

A ser mais tolerante na diferença.
A não rejeitar ninguém à partida.
A ser menos tolerante na qualidade das coisas – incluindo das pessoas.
A preservar as coisas – incluindo as pessoas – boas que me rodeiam.
A reservar o bom para mim.
A não julgar o livro pela capa.
A não julgar.
A ser mais receptiva a coisas que desconheço e que, à partida, poderia recusar-me conhecer.
A considerar o silêncio precioso.
A respeitar o silêncio dos outros.
A respeitar a estranheza dos outros.
A problematizar.
A levar algumas coisas mais a serio, e outras menos – quais não sei, elas simplesmente vão surgindo.
A perder o meu “síndrome de pobreza”.
A perder o meu síndrome de pobreza de espírito.
A procurar coisas novas – tudo: musica, sítios, livros, series, filmes...
A ser mais solitária.
A despreocupar-me.
A apreciar coisas mais simples mas menos banais.
A ser um pouco mais criativa.
A escolher as minhas batalhas.
A ser ousada de outra forma, numa espécie de revolução interior.
A escolher a melhor forma de manifestação da minha ousadia.
A refutar a pequenez das coisas.
A fazer menos ilações precipitadas sobre as pessoas.
A ser mais, sendo menos.
A desprover-me de preconceitos.
A ter calma.
A respeitar.



18 May 2007

AI O CARALHO

Sim, já é sabido que te evito.
Já quase não falo de ti e mudo de assunto ou finjo não ouvir quando alguém fala, evito olhar para ti, evito mesmo não pensar (muito) em ti.
E VEJO UMA PORCARIA ONLINE ONDE NEM SEQUER APARECES, SÓ FAZES A MERDA DA VOZ OFF E CHORO. ACHAS ISTO NORMAL??!
GRANDE MERDA.
ESTOU FARTA.
SÓ FAZES A PORRA DA VOZ OFF, POR AMOR DE DEUS!





A sério, estou-me MESMO a passar.








Só ver o teu nome nos créditos finais arrepia-me...
Só ouvi a tua voz, porra.




E hoje quando te vi na escola, numa fracção de um nanossegundo (não precisei de mais para reconhecer-te), olhei-te de forma diferente. Obriguei-me a perguntar-me - para lá da minha obsessão - se ainda gostava de ti.

Não encontrei resposta imediata, e por momentos senti-me aliviada. Aquele peso do peito aligeirou-se, e na minha ingenuidade pensei que podia voltar a ser de mim própria.

16 May 2007

Fugir de ti é fugir de mim.

Gostaria de passar a dizer somente o que fosse pertinente. E daí, o que não fosse redundante.



Gostaria.



Mas quantas pessoas já se sentiram como eu? E quantas já o escreveram? Será que isto só é importante porque a minha experiência é a minha experiência e, como tal, tem tanta importância quanta a do que já foi escrito?





Quanta arrogância.



Quanto egocentrismo.








Em termos de relevância não sei, mas realmente a única coisa que a diferencia é o facto de ser minha.


Preciso de ser salva.

Alguém ou algo que me salve, porque eu não consigo fugir de mim própria.

Já tentei.

Juro.

Isto ultrapassa quaisquer limites de auto-tortura ou masoquismo. Isto é patológico.


Não existe uma doença que seja infligir-se dor psicológica a si próprio?


Ah!


É verdade.

A depressão crónica.

Ou, como eu gosto de lhe chamar, a auto-flagelação interna.

Sim.


É procurar continuamente respostas, mesmo sabendo que nem perguntas a elas existem.



É recordar momentos felizes, para reforçar o momento infeliz presente.



É reconhecermos que nada somos e nada seremos senão mais um.



É reconhecermos o valor dos outros, em detrimento do nosso.



É ter um cancro cerebral, que se alastra conforme a nossa vontade, e nos vai destruindo de mansinho da maneira mais dolorosa.



É principalmente fingir que está tudo bem.





É privar-me de ti, em todas as horas, momentos e ocasiões, em pensamento e materialmente e, de vez em quando, abrir o cerco e dar autorização à memória ou à imaginação. Ou, em casos mais extremos de masoquismo psicológico, é quebrar as regras da minha reabilitação e ver uma foto tua, ou ler o teu blog, ou ir buscar os isqueiros que me deste.

És a porra de uma doença.

És como a merda de um vício.

Estás dentro de mim e combater-te é combater-me. E combater é a única coisa que posso fazer.

Às vezes tenho recaídas.

Só eu me posso ajudar.

Preciso de ser salva.

15 May 2007

"Enough now"

"But... you never talk to me."

Pormenores.

A coisa que a fez mais feliz, a coisa que mais lhe apetece gritar a plenos pulmões, ela mantém-no segredo. Porquê? Porque é algo tão precioso, que o guarda só para si.


Segundo os padrões de beleza convencionais, os seus lábios são perfeitos. Toda a gente os elogia, todos os homens lho dizem. Não existe vivalma que os não inveje ou que os desgoste.
Ela sabe-o. Mas nem sempre. Às vezes esquece-o. Já lhe aborrece até, que todos os estimem.

E ela é gira para muitos, mas para si própria não. Ela sabe que a beleza é muito mais do que uns lábios. A beleza é personalidade, são todas as suas expressões musculares faciais, e disso ela não está certa se é convencionalmente belo.

Mas ele -la sentir assim. Bela. E ela ainda ficou por perceber porquê.

Ele foi o único homem que não a admirou pelos seus lábios. Ou pelo menos, só pelos seus lábios. Antes de mais, antes de tudo, ele disse-lhe:

- Adoro o teu olhar.

Poucas palavras, e ela sente-se levitar.


Porquê?


Reparem.






















Ele não falou dos lábios dela.
Da coisa mais óbvia.

E não disse "olhos", disse "olhar".

E isso depois de ter-lhe dito que os seus olhos eram assimétricos. O olho direito é mais pequeno.
"Como reparou ele?", pensou ela, "levei quinze anos a reparar nessa minha assimetria. Eu. Só quando entrei na puberdade e me olhava ao espelho durante horas é que reparei nisso, até um cirurgião plástico disse-me que era simétrica. Bolas! Como foi ele reparar? Só eu o sei, e só se nota em certas posições, como foi ele reparar?!"

Gostar do seu olhar mesmo este tendo declaradamente um defeito? Mas o "olhar" não tem defeitos, são os olhos.

E ela sabe, que os seus olhos são a coisa mais banal e sensabor de toda a sua face. São castanhos, pequenos, normais. Iguaizinhos a tantos outros.

Tal e qual.


E ela poderia ter-se sentido insegura, porque ele podia estar a ser alvo de uma ilusão óptica qualquer, devido à qualidade rímel. Mas não. Ele disse "olhar", não "olhos".

E ela olha-se uma vez mais ao espelho, agora, e pensa entre um largo sorriso: "não, este rímel é uma treta, não faz diferença nenhuma".

Então sorri, e constata que nunca gostou tanto de saber que foi vítima de publicidade enganosa.

E a coisa que a faz mais feliz, a coisa que mais lhe apetece gritar a plenos pulmões, ela mantém-no segredo. Porquê? Porque é algo tão precioso, que o guarda só para si.

lista das coisas que preciso urgentemente.

um corte de cabelo.
um spa.
uma noitada daquelas.
amigas de verdade.
talvez uma nova tatuagem.
aquele amor efémero e avassalador.
sentir-me sensual.
trapinhos novos.
acessórios, muitos acessórios.
um estilo novo.
criancices.
falta de juízo.
um abraço.
lágrimas.
sentir-me cansada de feliz.
algo que me entusiasme.
algo avassalador.
algo que me tire o fôlego.
um concerto.
gargalhadas.
miminhos.
amigos.
sapatos giros e cómodos.
música nova que me entusiasme.
moda que me entusiasme.
pessoas que me entusiasmem.
sítios que me entusiasmem.
arte que me entusiasme.
paz de espírito.
um mimo caro.
uma loucura daquelas.
um devaneio de consequências hilariantes.
sentir o vento nas faces.
sentir a areia entre os dedos dos pés.
sentir o cheiro da relva acabada de cortar.
um beijo daqueles.
um beijo dos outros.
uma óptima surpresa.
um dia inteirinho ao sol.
uma conversa daquelas.
uma refeição num restaurante daqueles.
sexo num hotel daqueles.


uma piscina.
uma aventura.
uma noite em branco.
uma paisagem indescritível.
um presente.
um pai.
um livro daqueles que não se consegue parar de ler.
um pedido de desculpas.
um bom reencontro.
auto-estima.
um café com as amigas.
ser contemplada.
ser admirada.
uma manhã que comece bem.
olhos azuis.
mãos sábias e um hálito quente.
não ser subestimada.
não ser subvalorizada.
um banho de imersão.
roupa interior sexy.
alguém que me fotografe.
alguém que diga que sou sexy.
alguém que me ensine e a quem ensinar.
alguém que me oiça com admiração.
boa música.
álcool.
sossego.
tirar o dia para mim.
ir às compras de chinelos e óculos de sol.
vestir um vestido de alças finas.
matar saudades.
respeito.
carinho.
infância.
inspiração.
sabedoria.
um sorriso novo.
uma extreme makeover.
verão.
um gelado Hagen Dazs.
uma viagem.
ar condicionado num dia quente.
pegar no jornal e ler notícias felizes.

Scoprirsi coprendosi.


Que em italiano significa "destapando-se tapando-se" ou, num sentido menos literal, "descobrindo-se cobrindo-se". Li-o numa revista em Itália, acerca das muçulmanas convertidas que, por amor, o faziam. Abdicavam da sua ocidental liberdade, em busca de uma outra que, para nós, filhos de culturas ocidentais, é-nos difícil perceber. Às vezes não era só por amor, faziam-no também em busca do seu eu. Foi o melhor jornalismo que li em anos, e passei a adorar a expressão.


Scoprirsi coprendosi.


Pode ser aplicado a uma infinidade de coisas, até à sedução. Podemos "mostrar-nos" (mostrar a nossa sedução), cobrindo-nos. Não precisamos necessariamente de nos despir para sermos sensuais, muitas vezes é o processo precisamente inverso.





Ser mais, sendo menos.


Porque mais NÃO É melhor.


Ser mais feliz, sendo menos.


Ser mais eu, sendo menos.


Ser mais eu para mim sendo menos para os outros.

14 May 2007

a dor transcende a linguagem, e em conseguinte, qualquer definição enciclopédica.

"tortura
do Lat. tortura, acção de torcer
s. f.,
tortuosidade;
suplício;
tormento que se aplicava a um acusado;
fig.,
grande mágoa;
lance difícil. "

in dicionário da Língua Portuguesa Priberam.




NÃO.

Eu vou dar-vos, a verdadeira definição de tortura.


Tortura é:





  • passares na televisão nacional pelo menos um dia por semana, e eu ser masoquista o suficiente ao ponto de não mudar de canal.
  • ir quatro dias seguidos à zona onde moras: comer lá, passar horas lá, sabendo que estás algures em casa talvez, a uns quantos metros. Passear-me por lá, revisitar todos os quatro dias aquela estação.
  • ir comer precisamente àquele McDonald's.
  • frequentar a mesma escola que tu e no entanto evitar ver-te (quando às vezes é inevitável dada a dimensão diminuta daqueles corredores).
  • ter de ver homens com casacos parecidos ao teu.
  • ter de ver homens e conseguir olhar para eles sem que o critério de avaliação seja a semelhança contigo.
  • ter de olhar para homens, ver interesse, e não te ver a ti.
  • ter de tentar não te ver.
  • ter de vestir aquelas roupas com que te beijei.
  • ter de olhar para os pontos do meu corpo que tu tanto adoras.
  • ter de lidar diariamente com as lacunas da minha personalidade que tanto deves odiar.
  • ter de acordar todos os dias com a interrogação de um silêncio insuportável.
  • ter de mentir, mentir muito, quando me perguntam como ficou a minha história contigo.
  • ter de participar em conversas "adultas" e "normais" sem ter a oportunidade de divagar.
  • ter de conter-me nos posts.
  • ter de conter-me nas conversas.
  • ter de conter-me.
  • ter de concentrar-me.
  • ter de fingir que estou feliz.
  • ter de gostar de outros homens.
  • ter de fingir que concelhos como Restelo, Algés, Miraflores, Almada, nada significam.
  • ter de fingir que Hagenz Dazs é só um gelado.
  • ter de fingir que um cão é só um cão e um latido é só um latido.
  • ter de evitar gritar aos sete ventos que te amo e que és perfeito de cada vez que me embebedo e a cada pessoa que conheço.
  • ter de forjar auto-confiança depois da tua rejeição.
  • ter de evitar clichés como este.
  • ter de evitar ser redundante.
  • ter de evitar todas palavras e todos símbolos, sinais, caracteres, sons, cheiros, sítios, clichés e demais.
  • ter de evitar dar continuidade a este tipo de prosa poética pirosa de fraca qualidade assim a fugir para o ridículo do "emo".
  • ter de esquecer-te (porque sei que isto não tem mesmo volta a dar).

"I have often walked down this street before

But the pavement always stayed beneath my feet before

All at once am I several stories high

Knowing I'm on the street where you live

Are there lilac trees in the heart of town?

Can you hear a lark in any other part of town?

Does enchantment pour out of every door?

No, it's just on the street where you live

And oh, the towering feeling just to know

Somehow you are near

The overpowering feeling that any second

You may suddenly appear..."

Harry Connick, Jr. "The Street Where You Live"

Don't.

Não perguntes.

Parte do princípio que eu estou óptima.


Faz assim, desculpa se te macei este tempo todo com os meus frívolos problemas, e ignora-os.

Tu, mais próximo que todos, passa por cima daquele ritual estúpido e meramente social que todos repetem uns para os outros diariamente, sem sequer esperar outra resposta que não a habitual. O inútil ritual de perguntar "está tudo bem?". Faz isso, atropela-o, excomunga-o. Porque estás demasiado próximo para o fazer.

É frustrante, estar na rua e encontrar um quase desconhecido que executa o ritual comigo e eu, cheia de vontade de responder "não, não está nada bem", não o faço. Porque seria de esperar que tu, quem eu tanto amo e respeito, o fizesses, da próxima vez que me visses. Mas não, continuas a partir do princípio que eu tenho de estar sempre óptima e que não estar a 100% todos os dias é um crime. Isso, parte do princípio que estou óptima. E não só não perguntes, reforça a minha angústia relembrando-me de como sou quando estou bem. Logo tu, de todas as pessoas, que me conheces tão bem... Não perguntes. Parte do princípio que existem problemas "gastos" ou que eu irei ter contigo sempre que precisar. Desculpa se os meus problemas não se renovam.


Desculpa.

08 May 2007

Memorando: esquecer-te.



Só para me lembrar de esquecer-te.


Só para me lembrar que foste o homem mais perfeito com quem alguma vez estive.

Não fosses tu um perfeito animal.

Fico horas a olhar para a única foto que tenho tua.

Claro que saíste desfocado. És um desfocado de merda.

És pessoalmente desfocado, não existes, és um fantasma niilista que deambula por aí, a esforçar-se por não se fazer notar. És uma merda, és uma ilha. Não tens opinião, não existes. Não fazes a diferença, não existes. És a diferença por não ambicionares ser a diferença. Nada ambicionas, só ser ninguém. Nada. Nada importa para ti, não é?



Odeio-te.


Estúpido.
Arrogante.
Antipático.
Inacessível.
Distante.
Frio.
Obscuro.
Misterioso.
Excitante.
Lindo.

Perfeito...











ainda.

06 May 2007

Sono e saltos altos são assim.

Levanto-me a meio da noite. Não consigo dormir. São ataques de ansiedade que tenho andado a fingir controlar, e a fingir não saber do seu porquê.
Estou em negação, é normal.
Acendo a luz. Olho-me ao espelho.
ESTOU GORDA. Muito gorda. Sim, deve ser esse o porquê dos ataques de ansiedade.
Dispo-me.
Dispo-me toda em frente ao espelho. Sou de uma frieza calculável. Analiso-me o corpo tão tecnicamente como se um médico fosse.
Ou nem tanto.
Sento-me na cama, ainda em frente ao espelho.
Despida já não pareço tão gorda, nefastas roupas que me acrescentam volume!



Então reparo. Não obstante tudo, não obstante essas anorécticas todas que se pavoneiam com a minha altura mas com dez quilos a menos, ainda me considero sensual.
Mesmo assim, gosto do que vejo.

Calço uns sapatos de salto alto, ainda nua, e ponho-me na minha melhor posição. Uma que me favoreça. Tenho umas costas fantásticas, e uns seios ainda melhores. Sou sensual sim.
E o que conta realmente é a atitude, sabem?

Faço um sorriso maroto ao espelho, não consigo evitar. Saiu-me, nem dei conta de o sentir aparecer. Era um sorriso maroto sensual, daqueles que dizem “estou tímida assim ao pé de ti, vem dar-me uns beijinhos ao pescoço”.
Um sorriso que serviu para preencher todas as lacunas de sensualidade que tenho sentido quotidianamente em mim.
Claro que na solidão do meu quarto sou confiante, desinibida e sensual, claro.
Esboço outro pequeno sorriso daqueles, desta vez mais humilde. Admiro o meu corpo uma vez mais, cruzo braços e pernas e penso “isto daria uma grande foto. Assim, sem maquilhagem, nem styling no cabelo, só eu e os meus sapatos de salto alto de verniz pretos, a condizer com a cor das unhas”.

Mas neste momento atravesso um infértil deserto de homens, não haveria ninguém para me fotografar.
E ainda bem.
Porque a presença de outros homens não colmata a tua ausência, simplesmente a acentua.
(Tenho estado a esforçar-me, mas não havia outra maneira de expressar a frase anterior de outra forma. Lamento.)








E a seguir? Não, não me masturbei, vesti um top e umas cuecas e vim fazer este post.

03 May 2007

As aulas afinal servem de alguma coisa.

Tenho estado demasiado ocupada, compenetrada no meu estúpido sentimentalismo, que não o tenho conseguido.
Mas hoje tirei o tempo necessário, e lutei contra todos os meus demónios, contra todas as minhas palavras, símbolos, sinais, caracteres, sons, cheiros, sítios, clichés e demais, e consegui.

Tirei o tempo, e evoquei toda a minha concentração, para conseguir perceber.

E percebi.

Consegui estar a atenta a uma aula, e afinal esta não foi só útil a nível curricular.
Quando na nossa mente tudo o que existe são palavras, símbolos, sinais, caracteres, sons, cheiros, sítios, clichés e demais, tudo é analogia.

"A objectividade é como uma folha de papel, se a aproximarmos demasiado dos olhos não conseguimos ler nada, mas se afastarmos o suficiente a folha lemos na perfeição, só que também não a podemos afastar demasiado ", disse a professora na aula.

E isto pode aplicar-se a quase tudo na vida. E não é o oito nem o oitenta que retiro desta equação, longe de mim fazer uma elação tão banal.

O que daqui retiro é uma premissa muito básica mas muito mais importante: agora que algum tempo passou, e que começo a sarar as feridas, consigo ver com objectividade. E é tudo tão claro!...
E sinto-me ridiculamente redundante por dizer que lamento não ter conseguido ver com esta clareza mais cedo, por estar demasiado envolvida. Deve ser isso que as pessoas sábias fazem então, não se envolvem.

Tantas coisas que eu podia enumerar, tantos erros que eu podia ter remediado logo desde o início, tantas falhas a reparar. Mas nada pretendo mudar. Se foi assim, foi. Se eu tivesse retirado da equação estes pequenos grandes erros, estaria a anular uma pequena grande parte do processo de construção da minha personalidade. Por isso digo: ainda bem.



E a pergunta que se coloca é: em detrimento de todos aqueles erros, será que eu teria preferido não me envolver?

02 May 2007

isto NÃO É sobre ele.

Concentração.
Abstracção.
Não me vão sair palavras sobre ele.
Não!
Isto é sobre mim.



Este é o último, derradeiro, post sobre esta temática.




Cresci.
Estou sempre a crescer.
Agradeço-te.
Agora, custa-me admitir, respeito-te. E custa-me ainda mais admitir, quero ser como tu.
Não para, sei lá, aproximar-me de ti, ou sentir que fazes parte de mim.
Porque sim.
Porque não devia ser assim, nem devia escrever isto, como tantos outros erros que cometi. Mas porque sim, porque quero.
Gostaria.

Tenho tentado falar menos de ti às pessoas, e não tenho postado nada porque sei que me saíriam palavras sobre ti. Se tiver que ser o fim do meu blog será. Este é o último post sobre esta temática.
De hoje em diante, nem sequer vou tentar apagar-te. Simplesmente para mim nunca exististe.

Não.
Não existes, nunca exististe sequer.

Não quero falar mais de ti.
Não vou falar mais de ti.
Não vou ouvir-te ou ver-te, apenas simbolicamente porque isso não posso evitar.
Esqueci o teu número de telefone.
Esqueci que tens um endereço de e-mail.
Tu não existes, és virtual, um mito.

As palavras, símbolos, sinais, caracteres, sons, cheiros, sítios, clichés e demais que te representem serão só isso: palavras, símbolos, sinais, caracteres, sons, cheiros, sítios, clichés e demais.




Se tenho a certeza que é assim que quero encerrar este capítulo?
Não.

26 April 2007

a night dancing with myself.

Imagino-me daqui a dez anos, aos trinta.



Estou sozinha, no meu apartamento algures na querida Lisboa. No meu lar. Sozinha. Um lar com recordações por todo o lado, álbuns de fotografias e molduras. Amigos de vez em quando, família ao fim-de-semana, cheiros e cores que me confortam sempre após um longo dia de trabalho. Tudo neste apartamento foi pensado meticulosamente, porque o meu cantinho tem de ser perfeito. Aqui sou rainha e ditadora. Este é o meu lar solitário.



Chego de um jantar com amigos, decidi não sair depois disso porque estou velha. Prefiro passar uma noite comigo mesma.



Descalço as botas pretas de cano alto, e calço os meus sapatos mais ousados. Dispo o longo sobretudo negro e ponho aquele vestido comprido de cetim cor de champanhe sem costas, que usei no casamento em que fui madrinha. Ainda me lembro do sucesso que fiz nele, e dos telefonemas que recebi no dia seguinte.

Sorrio. Olho-me ao espelho e solto o cabelo. Não há televisões, notícias, jornais, revistas, livros, telefones.

Ponho a tocar o intemporal Tony Bennett, que daqui a dez anos ainda será actual, e dou-me ao luxo de abrir o meu melhor vinho. Aquele que me foi oferecido por um bajulador rico qualquer, e que nunca abri para ninguém por ser caro de mais.
Não é caro demais para mim.

Sirvo-me num copo de pé alto, a três quartos como manda a etiqueta. E danço de copo na mão esvoaçando o meu melhor vestido, com aqueles saltos que me fazem sentir uma diva.



Olho-me ao espelho e sorrio uma vez mais, as rugas de expressão já se fazem mesmo notar, mas eu sou orgulhosa delas porque são elas que fazem de mim o que sou. São elas que contam todos os desgostos, todas as paixões, todas as loucuras, toda a minha vida. Todas as coisas que me fizeram rir e chorar, que me fizeram cair e levantar mais forte. Mais adulta. Mais mulher.



Divago no solo do piano, e por momentos sou a Marilyn Monroe. Aqui só me falta um Joe DiMaggio.

Sou glamour, sou uma diva do passado, algures da década de quarenta, porque o glamour mainstream pode ter passado de moda, mas para mim não passou. E deve ser por isso que não encontro o meu Joe DiMaggio, porque ele passou de moda.



Quero apaixonar-me por um gentleman culto, com classe e charme, e tão vivido quanto eu, ainda aos trinta preservo essa paixão. Quero jazz, quero romance. Quero rosas vermelhas, limusinas, saltos altos, jantares à luz das velas, quero tudo isso e muito mais, quero o meu Romeu, que seria capaz de dar a vida por mim.

Enquanto não o encontrar, vou continuar a ouvir o melhor jazz sozinha, e a beber o melhor vinho com egoísmo, sendo uma diva na privacidade do meu lar. Porque não me vou contentar com nada menos. Vou continuar com noites tão boas como esta, talvez as melhores de todas, porque comigo estou bem.









E vou continuar a usar roupa interior atrevida todos os dias, mesmo por baixo das enfadonhas trajes de trabalho, para nunca deixar de me sentir sensual, ou mesmo sexual. Para continuar a fantasiar com o vizinho da frente, que é casado mas continua um borracho. O mesmo vizinho que de vez em quando entra no elevador e se vira de costas para eu poder morder o lábio e de soslaio olhar-lhe para o rabo, invejando a galinha da vizinha, quase literalmente. Porque nunca se sabe o dia em que ele virá bater-me à porta pedir sal e apanhar-me numa dessas noites dançantes.