Limito-me recolhendo todas as energias a sentir essa dor, por ser o sentimento por excelência. Por ser eu em forma de ti. Por seres tu através de mim.
Então vou deprimir, e nada farei dela ou de mim. Não consigo dar-lhe a utilidade que merece porque não sou confiante o suficiente para ousar crer que será pertinente para alguém que não eu.
Então vou deprimir.
Vou continuar a refugiar-me no ilogismo do amor como cobarde que sou.
E vou sofrer e chorar e sofrer e chorar uma e outra vez.
Porque a dor que me infliges é tudo o que tenho, e nunca poderia ser atenuada, tanto fosse ela propositada ou não. Se fosse propositada seria má o suficiente, se não fosse seria terrível.
A minha cobardia também não me permite abstrair-me de mim própria, estou condenada por existir.

Ou sequer deixar-te partir, estou condenada por existir .
Ou ousar permitir-me amar outro alguém, estou condenada por existir.
Sendo esta a maior montanha que já alguma vez senti, e sendo eu a única dona daquilo que sei sentir, se encontrar uma outra – passível de ser sentida por mim – simplesmente enlouquecerei. Mais ainda. Portanto não posso, estou limitada por existir. E não o faço pois na esperança que a loucura presente ainda esteja a tempo de ser reversível (vá-se lá saber de que forma).
E assim continuarei a desperdiçar inspiração, só e porque de outra forma não poderia ser, estou condenada pela minha cobardia, e por existir – será esta última frase redundante?
Sou passiva, tão passiva, que encolho os ombros perante isso. Não me é dada escolha na construção da minha própria identidade ao longo do processo de te amar porque é isso que agora me identifica: o facto de não conseguir fazer a menos condiciona toda a minha existência e compromete toda a minha identidade.
E o contrário não pretendo, tentar seria um desperdício de tempo, sei que estou condenada pelo meu existir.
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