03 May 2007

As aulas afinal servem de alguma coisa.

Tenho estado demasiado ocupada, compenetrada no meu estúpido sentimentalismo, que não o tenho conseguido.
Mas hoje tirei o tempo necessário, e lutei contra todos os meus demónios, contra todas as minhas palavras, símbolos, sinais, caracteres, sons, cheiros, sítios, clichés e demais, e consegui.

Tirei o tempo, e evoquei toda a minha concentração, para conseguir perceber.

E percebi.

Consegui estar a atenta a uma aula, e afinal esta não foi só útil a nível curricular.
Quando na nossa mente tudo o que existe são palavras, símbolos, sinais, caracteres, sons, cheiros, sítios, clichés e demais, tudo é analogia.

"A objectividade é como uma folha de papel, se a aproximarmos demasiado dos olhos não conseguimos ler nada, mas se afastarmos o suficiente a folha lemos na perfeição, só que também não a podemos afastar demasiado ", disse a professora na aula.

E isto pode aplicar-se a quase tudo na vida. E não é o oito nem o oitenta que retiro desta equação, longe de mim fazer uma elação tão banal.

O que daqui retiro é uma premissa muito básica mas muito mais importante: agora que algum tempo passou, e que começo a sarar as feridas, consigo ver com objectividade. E é tudo tão claro!...
E sinto-me ridiculamente redundante por dizer que lamento não ter conseguido ver com esta clareza mais cedo, por estar demasiado envolvida. Deve ser isso que as pessoas sábias fazem então, não se envolvem.

Tantas coisas que eu podia enumerar, tantos erros que eu podia ter remediado logo desde o início, tantas falhas a reparar. Mas nada pretendo mudar. Se foi assim, foi. Se eu tivesse retirado da equação estes pequenos grandes erros, estaria a anular uma pequena grande parte do processo de construção da minha personalidade. Por isso digo: ainda bem.



E a pergunta que se coloca é: em detrimento de todos aqueles erros, será que eu teria preferido não me envolver?

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