16 May 2007

Fugir de ti é fugir de mim.

Gostaria de passar a dizer somente o que fosse pertinente. E daí, o que não fosse redundante.



Gostaria.



Mas quantas pessoas já se sentiram como eu? E quantas já o escreveram? Será que isto só é importante porque a minha experiência é a minha experiência e, como tal, tem tanta importância quanta a do que já foi escrito?





Quanta arrogância.



Quanto egocentrismo.








Em termos de relevância não sei, mas realmente a única coisa que a diferencia é o facto de ser minha.


Preciso de ser salva.

Alguém ou algo que me salve, porque eu não consigo fugir de mim própria.

Já tentei.

Juro.

Isto ultrapassa quaisquer limites de auto-tortura ou masoquismo. Isto é patológico.


Não existe uma doença que seja infligir-se dor psicológica a si próprio?


Ah!


É verdade.

A depressão crónica.

Ou, como eu gosto de lhe chamar, a auto-flagelação interna.

Sim.


É procurar continuamente respostas, mesmo sabendo que nem perguntas a elas existem.



É recordar momentos felizes, para reforçar o momento infeliz presente.



É reconhecermos que nada somos e nada seremos senão mais um.



É reconhecermos o valor dos outros, em detrimento do nosso.



É ter um cancro cerebral, que se alastra conforme a nossa vontade, e nos vai destruindo de mansinho da maneira mais dolorosa.



É principalmente fingir que está tudo bem.





É privar-me de ti, em todas as horas, momentos e ocasiões, em pensamento e materialmente e, de vez em quando, abrir o cerco e dar autorização à memória ou à imaginação. Ou, em casos mais extremos de masoquismo psicológico, é quebrar as regras da minha reabilitação e ver uma foto tua, ou ler o teu blog, ou ir buscar os isqueiros que me deste.

És a porra de uma doença.

És como a merda de um vício.

Estás dentro de mim e combater-te é combater-me. E combater é a única coisa que posso fazer.

Às vezes tenho recaídas.

Só eu me posso ajudar.

Preciso de ser salva.

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