14 April 2007

Tanta redundância, meu Deus.

Vamos reinventar a paixão?



Com a alma cheia de lágrimas, pesada com barragens de ternura despropositada, ternura que é lixo, vamos amar quem podemos?

Vamos!


Vamos desperdiçar amor?
Vamos caminhar sob águas já conhecidas, e torná-las tsunamis, maremotos e tornados?

Vamos!



Sim, vamos contentar-nos com quem podemos ter, dando o nosso melhor para retribuir o amor que não merecemos.

Vamos.



Vamos amar o que é seguro, seguros de que receberemos amor e nada mais do que amor de volta.

Vamos amar aquilo que podemos, repito, mesmo cientes de que um amor avassalador pode esperar por nós num futuro, mas que nos limitamos da forma que pretendemos, porque somos demasiado cobardes para enfrentar a solidão sozinhos.

Vamos contentar-nos.
Vamos dar o nosso melhor, arriscar tudo numa só pessoa. Sim, porque é disso que se trata a monogamia, é apostar tudo o que temos, pôr a nossa íntegra em jogo, e fazer figas pelo jackpot máximo.

Vamos esforçar-nos por ser felizes.
Vamos batalhar, trabalhar a felicidade, porque ela não vem num frasquinho e não é como a conhecemos dos filmes, que nos chega de mão beijada em limusina branca, e certamente não é descoberta em cerca de 45 minutos.

Vamos esperar uma vida inteira para saber se valeu a pena.






Vamos pôr à prova o nome da dita paixão. Do dito amor.






(Nota: a expressão "somos demasiado cobardes para enfrentar a solidão sozinhos" não é calinada. Mesmo segundo o contexto. Porque quem enfrenta a solidão dessa forma enfrenta-a sozinho, sob a ilusão de que está acompanhado. É o ser altruísta (ou egoísta, dependendo da perspectiva) que não ama, só e aterrorizado da solidão, desejoso por amar o outro ainda mais altruísta, e ainda mais só, que tenta não perceber que não é amado.)

2 comments:

Inês said...

Espetacular!!

Anonymous said...

vISITASTE O MEU BLOG E VENHO DEVOLVER-TE A VISITA.~
Não conhecia este "diálogo" mas parece-me bastante interessante...
SIWA