22 April 2007

Estes textos são tudo o que tenho.

O tempo e o espaço não importam. Principalmente o espaço.

Estou contigo, toca um soul sensual qualquer, acabámos de fazer amor. Eu estou na janela de cuecas, em pé, e tu ainda deitado em lençóis brancos, numa cama desarrumada. Fumo o meu habitual cigarro. Direi que é o último. Tu olhas-me ainda com desejo, leio nos teus olhos uma chama intensa de paixão. Mordo o lábio e retribuo a chama. Adoro-te. Adoro estar assim contigo, seja onde for.
Levantas-te e aproximas-te. Abraças-me por trás e pedes-me o cigarro. Respiramos fundo, contemplando a paisagem qualquer. O sol dela está mais brilhante e as nuvens mais brancas, o céu mais azul. Sorris porque também me adoras. Respiras para cima do meu pescoço, fazendo-me cócegas. Tudo o que sabemos fazer é sorrir.
Cantas-me um clássico qualquer baixinho. Sopras-me ao ouvido.
Pegas na máquina fotográfica e eu escondo-me.
- Não, estou horrível. Não tenho maquilhagem, estou despenteada.
- Estás linda.
Beijo-te, beijo-te muito, porque é tudo o que quero mais fazer neste momento, e na esperança que pouses a máquina; mas tu já me conheces tão bem...
Fotografas-me ali, despida. E dizes:
- A tese da minha licenciatura será sobre ti. Vou fazer um documentário sem diálogos, sem música, só tu. Vou perseguir-te, filmar-te a sorrir, filmar-te a dormir. E vou entregar ao professor sem edição.

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