Não entendo. Não consigo conjecturar toda esta ansiedade. Analisando logicamente, não faz qualquer sentido. Que necessidade é esta necessidade humana de ter alguém? Minha de ter-te... Nem sequer gosto de entrar em divagações do género, até me sinto humilhada ao fazer redundâncias assim. Não gosto de colocar questões filosóficas não sendo filósofa. Não quero saber a verdade na sua totalidade, porque temo que esta seja desoladora. Sei que é desoladora. Gosto de ficar na superficialidade, sabendo ou acreditando que existem pequenas questões às quais posso responder. Senão teria de responder, ou tentar responder, a perguntas como “o que é o amor?”, e não quero. Não tenho a pretensão de responder a uma questão que só é pertinente se ficar por responder.
Então, insisto, que ternura é esta que vou nutrindo por um estranho desconhecido? Não é redundância, és mesmo um estranho desconhecido.
Atrevo-me mesmo a dizer que, graças a ti, não sei se algum dia poderei vir a sentir-me realizada, vir a gostar de mim outra vez. É que tu abriste fendas em mim, destapaste as minhas fissuras, descobriste os meus defeitos. A tua majestade recorda-me do meu portuguesismo. A tua preponderância faz-me lembrar o quão insignificante sou. A tua inteligência suscita a minha estupidez, a tua classe a minha saloiice. Tudo o que tu és eu não sou. Por isso é que eu queria tanto que me completasses.
Não é a solidão que temo. Temo ter de me contentar com uma reles cópia tua, porque agora que te conheci a minha fasquia só irá baixar por necessidade. Temo um dia ficar só. Porque, mesmo que tiver alguém, sei que vou sentir-me incompleta por não ter o original. É como os cristãos contentarem-se com o padre, por não poderem ir à missa do Vaticano. Sou ousada o suficiente para dizer que alteraste completamente a minha visão dos homens: de hoje em diante, em qualquer homem que venha a ser do meu interesse, o critério de avaliação és tu. De hoje em diante, os homens serão avaliados segundo a semelhança que têm a ti.
30 March 2007
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