25 March 2007

Cigarros e Luxúria.



Fumas o teu cigarro em silêncio de perna cruzada sentado à frente de uma pequena mesa ali colocada, descruzas a perna e abandonas-me, como seria de esperar.







Sou eu, estou no Largo Camões à tua espera, combinámos tomar café. A primavera começou anteontem, e não foram só os dias que se tornaram maiores. As pessoas estão mais bonitas, mais quentes, e as roupas menores. Com os dias, o desejo sexual também aumentou. Não podemos evitar, afinal somos meros animais.

Do Largo Camões passas a uma conversa ressabiada na Brasileira, uma conversa que eu adoro. Tão típico teu, leres os meus pensamentos e brincares com eles. Tão típico teu, manipulares os meus desejos e contornares a conversa sem perderes a classe. Tão típico teu, esconderes a tua timidez com eufemismos.

Em poucos minutos, vejo-me no átrio daquele Hotel Borges, mesmo encostado à Brasileira. Nunca as palavras "sexo" ou "coito" foram proferidas, mas os seus correspondentes eufemismos bastaram para bom entendedor. Conduzes-me ao quarto, com um beijo seco, calmo. Nada de euforias, estás tão confiante...! És tu quem conduz toda aquela dança, sem palavras e com poucos gemidos. Não é nada de avassalador, foi sexo cordial, educado. Mas certamente não foi amor. Vestes-te.


Fumas o teu cigarro em silêncio de perna cruzada sentado à frente de uma pequena mesa ali colocada, descruzas a perna e abandonas-me, como seria de esperar.