Consigo, consegues, trascender todas as leis da física.
Onze dias a bater mal. Quem vou eu enganar? Só se for aos outros. Onze dias a bater mal. Não tenho um amor assim desde o Carlos Pedro. Desde os 12 anos de idade. E pelo Carlos Pedro andei a bater mal durante dois anos. Ou mais. Se hoje o visse não sei se conseguiria não tremer. Dois anos a bater mal e a ser desprezada e desprezada e desprezada. Não quero bater mal assim por ti. Mas já fui desprezada, desprezada e desprezada. Por favor não me ponhas a bater mal dois anos seguidos. Por favor deixa-me esquecer-te.
Onze dias a medir palvras, a calcular distâncias. A ser outra pessoa. A tentar reduzir a minha ignorância e o nosso choque cultural. A prever conversas e contar ocasiões. Onze dias de lembranças que esforço-me para não se desvanecerem, de encontros premeditados. Onze dias de depressão, a ouvir Diana Krall. Onze dias a tentar prever o futuro, analisando aquela passada quinta-feira. Onze dias a fantasiar. Até sou feliz nas minhas fantasias contigo, consegues conceber tal conceito? Eu e tu, nas minhas fantasias somos felizes. Eu sou feliz. Mais feliz do que sou agora. Mais feliz que qualquer outrora. Sei que são fantasias, sei que

E a minha alma sofre, já chora. Só falta a materialização desse choro. Em onze dias não chorei por ti. Cerrei os olhos com força e implorei ao meu coração o choro de um coração doente. Mas não consegui. O máximo que consegui foram uns míseros olhos enevoados.
Não chorei porque chorar por ti significaria libertar-me de ti. É como perdoar, choramos quando perdoamos. Quando nos libertamos de um fardo para admitir outro, o fardo de ter perdoado. E o meu pobre coração não admite ainda essa transação. O meu pobre coração quer de tal forma manter-te prisioneiro que o meu corpo bloqueia, rejeita qualquer perdão. Chorar seria admitir. Chego ao ponto de me torturar com música deprimente e recordações idiotas daquela quinta-feira, na esperança de chorar. De me libertar. De exorcizar todos os meus demónios. De exorcizar-te. De lavar a alma com aquela água triste e salgada. Aquele fungar, aquela dor de cabeça que grita “depois da tempestade vem a bonança”. Mas chorar seria admitir, seria libertar-te. Seria libertar-me. Porque afinal amar “é querer estar preso por vontade” e “ter com quem nos mata lealdade”, não é verdade?
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