02 July 2008

THE JOKE'S ON ME NOW - karma's a bitch, the human suck, o meu castigo veio cedo e a dobrar.

"Uma pessoa só não trai até ter a oportunidade, quem te disser o contrário mente", disse-me um sábio.

E eu concordei.

Já traí e já fui traída, por isso não deveria ficar muito triste com ela.
Eu amo-a, a minha alma gémea incompatível. Aquela que me completa tanto quanto ele em tempos me completou. Isto não significa nada, só ajuda a não deixar uma ferida sarar, e a anular toda a minha confiança numa pessoa.

Eu pedi-lhe para ela o odiar, nestas palavras, porque é isso que as amigas fazem. Sempre coerente, ela prometeu-me que não, e eu soube que não poderia exigir mais do que sinceridade. Ainda assim.

Talvez não tenha tido coragem, penso eu. Talvez, esteja eu a tentar desculpabiliza-la porque afinal fiz o mesmo.

Tenho feito o mesmo a minha vida inteira e eu deveria ser a primeira a compreender. Mas eu esperei que a Rita fosse melhor que eu. Ela inspirava-me, ela era a moralidade basilar da minha existência.


"Falar é fácil, quando é para fazer é que é uma merda", disse-me outro sábio; desta vez uma mulher. As pessoas deveriam ser assim, bolas, admitirem-se defeituosas.

Trair constitui o seu próprio universo, é razão e consequência de si. Porquê? Porque o trair não é racional, e às vezes não passa de um trair por trair. De um trair mais que não seja por si próprio, pelo que constitui. Uma coisa proibida, uma excitação, um devaneio do nosso quotidiano moral. Às vezes sabe bem ser-se mau, mesquinho, audacioso, ambicioso, corajoso, matreiro.

Custa-me ainda mais perder esta amiga porque eu quero perdoá-la. Não porque estou em ira, ou porque a traição dela me faz sofrer. Precisamente pelo contrário, precisamente porque não consigo ficar zangada com ela, não consigo deixar de a perceber, sentir-me-ia injusta, irracional e hipócrita.
Mas acho que o vou fazer. Porque a emoção anula a razão, por mais que eu tente contrariar essa premissa, a emoção anula tudo.

Irónico, eu sempre disse que não a culpabilizaria por alguém se interessar por ela, porque afinal ela é dona de uma personalidade que faz qualquer pessoa apaixonar-se.

Será que eu lhe fiz o mesmo? Não. Eu liguei-lhe, pedi o seu aval e ela deu-mo.

Irónico, eu pedi-lhe para não mo contar, nunca pensei é que realmente o fizesse.

Vou ligar-lhe porquê? Adianta confrontá-la e ouvir os seus dotes de argumentação e apreciá-la justificar-se ou negar tudo? Ao menos quando traio não o faço, fico simplesmente ridícula. Resigno-me ao facto de saber que fui má amiga, má pessoa. E vivo com a culpa, não tento minimizá-la porque é esse o meu castigo.

O que me custa mais de tudo? Ter descoberto que o ser humano é uma merda, porque se a Rita foi capaz de mo fazer, qualquer pessoa o é.

Pior que isto só a minha mãe vender os meus órgãos no mercado negro, ou assim.

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