A falta de sexo começa a afectar-me de forma bastante grave. Preocupo-me. Será que brevemente estarei eu a adoptar um miúdo de passado traumático? Provavelmente. Os homens na crise da meia idade compram um Ferrari. As mulheres, sempre mais corajosas, na crise de um quarto da idade adoptam um filho. As menos corajosas, um Yorkshire Terrier.
Deve ser por isto que as trintonas passam, e depois vem a menopausa, por isso é que a falta de sexo nas mulheres é mito. Assim como a masturbação. Depois vem a menopausa e elas tentam esquecer o assunto.
Mas pronto, tenho de evitar divagar.
A falta de sexo tornou-me sensível. Embrutecida em relação aos homens - porque demasiadas cicatrizes no mesmo sítio tornam a pele inflexível - mas com o sentido de sensibilidade apuradíssimo para outros aspectos. Nomeadamente, amigos. Nomeadamente, a idade. Ou sou só eu a canalizar sensibilidades, a desvia-las duns sítios para outros, deve ser isso. Estou tão sensível, tão sensível, que dou por mim a criar dissertações sobre karma sentimental, vejam bem (e juro que não é influência - pelo menos directa - da série "O meu nome é Earl").
Lembro-me dos amigos que perdi, ou que vou perdendo. E ultimamente tenho dois, que juro por tudo são as pessoas que melhor conhecimento de causa têm de mim, e que me adoram. Mas um porque arranjou namorada e outro porque está fora do país, não têm tempo para mim. E também porque eles não se agarram às amizades como eu, lá está, têm sexo.
Sinto imenso a falta deles, e relembro-me de todas as gargalhadas que demos. Pergunto-me porquê que tive simplesmente paixões platónicas por eles se poderia ter tido algo mais, e depois lembro-me que não queria abdicar da perfeição daquelas amizades.
Eles são o tipo de pessoas que gostariam de mim ainda mais se eu metesse o dedo no nariz ou desse um peido. Esse tipo de relação, é uma relação.
E adoro-os principalmente por eles saberem quem eu sou, por verem para além do meu presunçoso exterior, por serem inteligentes o suficiente para perceberem - e principalmente não julgarem - a crueza do meu discurso sincero (que só o pode ser mesmo com uma parte distinta de pessoas), por conseguir ter conversas que transcendem o ritual social dogmático estabelecido (e por nos sentirmos arrogantemente superiores por isso, aha!), por adorarem "o meu poço de contradições", como um deles sempre dizia.
23 January 2008
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