26 May 2008

these cigarettes won't smoke themselves. what shall i do?

Lá está o meu revivalismo a vir ao de cima em noites de insónia, não sei como sou capaz de viver (neste caso já reviver) vezes e vezes sem conta a mesma dolorosa emoção.

É, como eu lhe chamei em tempos, auto-flagelação interna, um masoquismo emocional que transcende a razão porque se alimenta a si próprio de drama e dor. É assim que o ser dramático vive, angustiado por se alimentar da dor que se infringe, angustiado por ter de recorrer a dores passadas para se alimentar de mais e mais dor, a única verdadeira fonte inspiracional que tem; e se esta lhe faltar, falta-lhe tudo.
Nonsense.

A verdade é que tínhamos uma dinâmica comunicacional espectacular, e tu quiseste desperdiçar isso. Falávamos pelos cotovelos, com adjectivos e substantivos e neologismos em excesso. O nosso discurso era incoerente mas lindo; e dentro da nossa loucura encontrávamos maneira de nos encontrar a meio caminho daquilo que fazia sentido.

E a nossa dinâmica de encontros? A nossa inteligência e sinceridade que fazia pouco do ritual social... Nunca com nenhum outro homem decidi em unanimidade assumida que não iríamos fazer sexo antes de realmente o fazermos.

E os teus grunhidos, por exemplo, quase que me faziam esquecer o quão bárbaro és, porque imitavam um bárbaro de forma infiel. És péssimo a imitar bárbaros. Os teus grunhidos vinham sempre a meio de uma exposição argumentativa minha, ou porque eu não me calava para deixar-te retorquir, ou porque não tinhas muito mais que retorquir, ou ambos. O mais giro é que os grunhidos eram acompanhados por uma expressão facial sensual, mas que de sensual nada tinha. Eu é que me entusiasmava ao vê-la, porque tenho um desejo reprimido por bárbaros que só descobri contigo.

Vá lá, quero pedir-te desculpas por ter-te chamado criança. O que eu adorava em ti era isso. O que eu adorava no nós que nunca existiu era isso. Adorei a nossa dinâmica infantil, em que nos entregámos um ao outro a priori de nos conhecermos. Só com alguém tão desejoso como eu por se (re)tornar ingénuo isso seria possível. Uma dimensão à parte, em que conjecturámos e idealizámos com o pré aviso consentido de não idealizar para não nos desiludirmos, aquilo que só a ingenuidade de uma criança consegue fazer.

E a nossa espontaneidade...completava-se. Já imaginaste uma vida com uma dinâmica de espontaneidade assim? Seria exaustivo, mas memorável. Já o é. Por alguma razão o contaste a todos os teus amigos, porque é excepcional. O "agora" e o "já" e o "só" sempre fizeram parte dos nossos discursos, bem como da essência das nossas acções.
"Vem já ter comigo, não quero saber se são duas da manhã."
"Vem só ter comigo, não ligo nada a maquilhagem."
"Queres ir agora ver o concerto?"

Mas depois perdi rasto da nossa dinâmica. Não sei o que aconteceu. E não foi a minha espontaneidade, porque era isso que costumavas apreciar em mim.

Tenho mesmo de começar a crescer, não a nível intelectual mas a nível emocional, mal dei tempo ao meu coração para sarar.
Mas como será isso possível? Se eu não o quero. Se crescer é intelectual e emocial. Não quero camuflar emoções, elas são infantis só por si.
Já disse que não quero.
Discordo com uma dimensão emocional perfeitamente palpável e táctil, tímida em sua expressão emocional máxima, contraída no seu perfeito sentido de razão e equidade; deixo isso a cargo da democracia.
Existe uma inteligência emocional, e eu tenho um défice disso.
Não posso voltar a amar, ou a tentar amar enquanto não fizer as pazes comigo por te ter perdido.
Enquanto não fizer as pazes com o tempo.

E agora as pessoas não me deixam chorar por ti, dizem que não o mereces.
Elas não mentem, mas protegem-me com uma verdade irracional (nem perdem muito tempo a pensar nela, estou certa).
Elas obrigam-me a seguir em frente, o teu tema é tabu. Portanto não posso, de modo algum, sentir a tua falta publicamente.
Por isso é que me obrigo constantemente a odiar-te, mas isso não preenche as lacunas, parece acentuá-las.
Por isso é que me obrigo constantemente a seguir em frente, porque falar de ti é emotivo e, como tal, motivo de vergonha.
Mas há vergonhas que não deixam de fazer sentido lá por serem irracionais. A emoção contamina tudo, é sabido, mas neste caso a minha emoção contamina-se a si. Retrai-se e censura-se, perdendo a essência de emoção, numa tentativa incongruente de ser uma emoção racionalizada, que chora e ri por coisas inteligentes.

beware of wishes of my own.

Toda a minha vida desejei por certo tipo de coisas, e empreguei tanta energia em conquistá-las mas ainda assim me parece que sempre as tive.

É da condição humana desejar, e desejar o que lhe parece impossível ter assim como é da condição humana errar. Mas parece que a minha vida está sempre a dois passos de mim.
Dois passos atrás.


Parece que alcanço as coisas quando já as deixei de desejar.

Mas este discurso parece-me um pouco ingrato, porque se sou impaciente demais para esperar por um desejo, um modo de vida, um estereótipo de homem, parece-me que não sou digna de sequer o alcançar.

Toda a minha vida ansiei um homem de capa de revista, mas já o tive e percebi que o que quero é um homem de contracapa.
Toda a minha vida ansiei um homem de spot publicitário de surf. Mas agora o homem bonitinho revela-se apenas isso.
Desde cedo que achei injusto a idade para conduzir em Portugal ser 18 quando nos Estados Unidos é de 16, para poder ter carro e ser livre. Agora apetece-me deixar o carro estacionado aguardando pelo meu retorno de uma viagem pela Europa em transportes públicos.
Sempre quis Brasil, hoje quero Londres, Viena, Amesterdão, Frankfurt.

O amor nos olhos dos outros parece mais especial.

25 May 2008

it's high school all over again.

yes it is.
when i can't help myself but staring.
when i feel uncomfortable, struggling to fit in. or just stand out.
when i feel uncute, unsexy, and uncool.
when i try to look cool and confident when i'm not.
when i fall for the guy way out of my league. this time not the quarterback, but the equivalent in a twisted dimension.
when i'm too shy to try.

it's high school all over again, this time with myspace.



"I wonder, how am I supposed to feel when you're not here.
'Cause I burned every bridge I ever built when you were here.
I still try holding onto silly things, I never learn.
Oh why, all the possibilities I'm sure you've heard.

That's what you get when you let your heart win.
That's what you get when you let your heart win.

I drowned out all my sense with the sound of its beating.
And that's what you get when you let your heart win.

Pain make your way to me, to me.
And I'll always be just so inviting.
If I ever start to think straight,
This heart will start a riot in me.
(...)
Why do we like to hurt so much?
Oh why do we like to hurt so much?
(...)
Now I can't trust myself with anything but this,
And that's what you get when you let your heart win."

23 May 2008

Epá, tenho de me deixar disto.

Finalmente eu estava a entrar numa onda depressiva, que pelo menos dava frutos a nível social.

Era tão depressiva que ficava sozinha no meu canto, sem chatear ninguém.


E agora, quero voltar a ser depressiva, quero sofrer no meu auto infligido martírio, sem incomodar ninguém.

E nem me vejo confrontada com dramas de psicose grave.

Hoje, deu-se isto tudo dentro de mim em diálogo interior conflituoso tipicamente esquizofrénico:

Sonhar porquê? Porquê se não vai resultar? O que é que tu amanhã vais lá fazer? Que esperança é essa parva que tens no peito se já sabes que és PERITA, profissional de alta competição a fazer as coisas não resultar? Se tu afinal és uma sabotadora de relações?
Ouve, a história tem aquela mania parva de se repetir, principalmente a TUA história. Basta olhares para trás. Se não resultou com nenhum dos anteriores vai resultar com este que é bem melhor que os outros todos juntos porquê?
Bah.

Pá, deixa-me em paz. Amanhã vou porque sim e porque quero. Tentar não custa. A esperança é a última a morrer. Desistir e baixar os braços na minha demanda pelo amor não é opção. A alternativa qual é? Contentar-me com um gajo qualquer ou morrer sozinha numa casa cheia de gatos?

22 May 2008

la crème de la crème lisboeta

Não gosto de ser pretenciosa, presunçosa e snobe, mas sou.

Venho dizer que pertenço a uma classe superior e restrita que se auto exclui de uma sociedade enfadonha, movida pela roda da inércia social.

Somos pessoas raras, sinceras, cultas, lindas e cheias de estilo, divertidas e apaixonadas por viagens e pela vida, mas não da típica forma de rota turística convencional, massiva e impessoal. Localizamo-nos na área de Lisboa, Grande Lisboa, e Arredores.

E eu faço parte dela, percebe-se isso facilmente lendo uma qualquer revista de cultura urbana, indo a um evento fantástico, ou numa breve mas certeira tour pelo myspace.

My new found prince. - não me consigo conter!

Não vai resultar. É melhor tirar este sorriso estúpido da cara.

Relações em que uma das partes está apaixonada de antemão, nunca resultam. Relações em que chego ao ponto de falar dele à minha mãe, com o nome verdadeiro e fotos ilustrativas e discursos incoerentes onde o chamo de príncipe, e danço e canto e estremeço de calor e estou feliz por conspirações cósmicas, não resultam.
Relações em que o bichinho na barriga não me deixa dormir à noite e em que começo a dizer coisas tipo "o bichinho na barriga", simplesmente não resultam.
Realizar o meu sonho seria bom demais, demais para ser verdade.
No entanto, fico-me pela fantasia e com Joss Stone.


Mas não consigo, é um sorriso rasgado que me persegue.

Porque o conheci.
Porque ainda não fiz nada de errado.
Porque desta vez fui com calma.
Porque existe uma pontinha ínfima de esperança que me persegue naquele atravessar de estrada.
Porque existe uma pontinha ínfima de esperança que me persegue em como o encontrarei este sábado.
Porque ainda não se tornou complicado.



Porque mesmo que não se concretize, o sentimento basta-me.

Aliás, espero que não se concretize!

=D (é este o tipo de sorriso.)



"- Ai, agora já estás apaixonada pelo jornalismo? Está bem...", citando a minha mãezinha, a coisa mais fofa deste mundo.

(Para finalizar, não há cliché como um bom cliché honesto.
Como tal, é esta a música que tenho ouvido constantemente o dia inteiro em repeat constante:

"Baby, baby, baby
Tell me do you really love me
Baby, baby, baby
Will you always be there for me
I can't live without your lovin
Baby can't you see
Baby, baby, baby
Tell me do you love me now
I can't wait to see your face everyday
I can't explain the way I feel when I'm around you
There's a space in my heart that belongs to only you
And no one else in this world comes close to you
Do you understand what I'm saying
Do you understand me
Got a thing for you and I'm not playing
It's something I need to know
Baby, baby, baby
Tell me do you really love me
Baby, baby, baby
Will you always be there for me
I can't live without your lovin
Baby can't you see
Baby, baby, baby
Tell me do you love me now
I can't imagine how my life would be without you
Oooo
I don't know if I'd survive another day
Oooo
No pressure but I'd love to keep you safely
Promise me it's real
And that you would never fake it
Do you understand what I'm saying
Do you understand me
Got a thing for you and I'm not playing
I'm not playing
I'm not playing
Baby, baby, baby
Tell me do you really love me
Baby, baby, baby
Will you always be there for me
I can't live without your lovin'
Baby can't you see
Baby, baby, baby
Tell me do you love me now
Love me baby, love me baby
Nothing else don't matter
Your love is all I'm after
Ooh I need to have ya
I don't need no other man
You're the one my heart demands
I'm your girl
You're my world
Please don't let me down
Don't let me down
Tell me do you really love me
Baby, baby, baby
Will you always be there for me
Baby, baby, baby
I can't live without your lovin'
Baby can't you see
Baby, baby, baby
Tell me do you love me now
Gotta let me know that you love me so"

Joss Stone, "baby, baby, baby")

My monster is human - não me consegui conter!

É mesmo.

"I like my man real."

Gosto dos meus homens reais, monstros se for necessário.

Com pêlos a sério, barba mal cortada. Cobardes, ignorantes, anti-heróis no seu sentido mais lato.

Convencionalmente feios, desprezáveis por excelência.

Gosto dos meus homens como eu, reais.

Por isso é que me apaixono diariamente :)

Beleza e Substância. Ó Meu Deus! Afinal pode ter-se Tudo. É esta a razão da imagem renovada do meu espaço virtual. Nunca fui boa a ambicionar pouco.

Sou capaz de me apaixonar por ti num piscar de olhos.


Se calhar já o fiz.


É como a Rita diz, basta convencer-me disso e construir uma imagem idílica de ti.


Se calhar já o fiz.


Mas não mereces um post. Ainda.

16 May 2008

Fiz as pazes com o tempo.

Fiz as pazes com o tempo.

O passado e o presente são completamente sobrevalorizados,
e o futuro subestimado.

13 May 2008

os últimos 45 minutos da minha vida que te ofereço.

A história da minha vida há-de ser um retrocesso de memórias, um feedback de emoções. Não há nada em que eu não seja tão exímia como na arte de não conseguir avançar.
Revivalista por natureza, fico presa a tudo o que foi óptimo, a tudo o que não disse, a tudo o que não farei.

A história da minha vida baseia-se no arrependimento, na máquina do tempo inexistente que eu desejaria possuir e concertar a minha vida vezes e vezes sem conta.

Esta carta foi escrita a um palhaço, e ela representa o meu revivalismo que morre hoje.
Por todas as coisas que não disse, todas as amigas que perdi, todas as más decisões que tomei, todas as oportunidades que não aproveitei. Adjectivá-las parece-me inútil e em vão, porque nunca saberei se é a adjectivação correcta, mas ainda assim o faço. Acabou-se. Esta carta é por todas as coisas que não disse, e não a enviarei de modo a provar-me que sou capaz de prosseguir ainda que com coisas por dizer. Não foram ditas na altura, agora não farão muito mais sentido.

A minha vingança a todas essas pessoas que não consigo evitar relembrar com uma nostalgia que é descabida, será o meu sucesso. O meu sucesso e felicidade. Elas olharão para mim muitos anos doravante e pensarão que eu não perdi nem um minuto a pensar no que lhes podia ter dito, e empreguei toda essa energia na minha própria adquirida felicidade.

Hei-de orgulhar-me sempre dos meus erros, por serem erros honestos.

"Foda-se. Eu estou-me a cagar para ti e quero que percebas isso, e isto não sou eu em negação, e sim, sei o que vais pensar, que se eu estivesse realmente a cagar-me para ti não seria isto que faria, escrever-te um mail. Mas antes de dizer-te: vai pensar para o caralho!, deixa-me dizer que me orgulho de uma forma extraordinária da minha personalidade, e só quero deixar isso claro de uma forma perene. E não, não andei a ver palavras num dicionário de sinónimos, eu sou mesmo culta.

Ainda bem que te avisei disto quando ainda nos falávamos. Isto vai levar-te algum tempo, e caguei, o teu tempo não é precioso e sinto-me no direito de o fazer. Sim, não sou nada sucinta, isto vai demorar um pouco porque eu sou tipo Almeida Garrett a divagar, ao menos levas a seca de ler isto mas levas também um documento físico para mostrares aos teus amigos. Uma prova, estás a ver? Vá, imprime lá a coisa e pavoneia-te nos ensaios da banda com o teu novo adquirido troféu.

Em primeiríssimo lugar: não, eu não tenho mesmo mais o que fazer senão ficar a pensar o que é que um bastardo cuja opinião nem sequer é credível ficou a pensar de mim, mas eu gosto que as pessoas tenham conhecimento de causa da minha pessoa, se quiseres odiar-me ao menos arranja um motivo (depois disto terás de sobra, don’t worry), não podes é odiar-me por te mandar uma sms a dizer que te amo, palhaço.

Pensa numa coisa (e eu sei que te vai custar porque contra injecções de auto estima é difícil de ser-se imparcial): uma pessoa que pretende perseguir-te avisa? Que tipo de stalker avisa que te vai perseguir? Perseguia-te e pronto, não? O elemento surpresa não é a base onde assenta toda a ideia da perseguição?
Como se isto não fosse razão suficiente, fica sabendo que não és especial, eu amo todo o mundo. Eu apaixono-me todos os dias, pergunta aos meus amigos, esses sim, que têm conhecimento de causa. Pergunta ao Miguel, já que vocês os dois parecem umas velhas cuscas campónias de bigode quando se juntam a descrever os últimos acontecimentos sobre mim. Cada vez que um homem me diz “olá” abre-se um mundo inteiro de possibilidades, (não necessariamente as minhas pernas), talvez não te interessa, mas pergunta-lhe também se eu alguma vez consegui ter uma relação monogâmica. E não porque gosto imenso de sexo, ou porque trair é excitante, sim porque sou uma cabra que se apaixona diariamente.

Quando me apaixono a sério, não tenho coragem de o dizer. É típico das pessoas que andam aí a distribuir amor falso, pergunta a qualquer bom psicólogo. (...)

Outra coisa: caguei para o que tu pensas também sobre o facto da bebedeira não ser desculpa. É. E não demorei imenso tempo a conjecturar esta teoria palhaço, não penses isso. Se me tivesses dado uma oportunidade para o dizer logo no momento, teria dito. A bebedeira é, efectivamente, desculpa. No sentido em que um bêbado não está apto para pensar e escrever uma sms que diga o seguinte: “epá ya, acho que curto de estar contigo, diverte-me estar contigo e estou a considerar a hipótese de estar a começar a curtir de ti mas estou muita bêbada por isso acho que estou a inflacionar este sentimento”. Não. O Sr. Ébrio inflaciona logo o sentimento, e resume a frase com um “amo-te”. Eu não poderia amar-te! Mas eu conheço-te de algum lado para te amar?! Tenta perceber que a bebedeira processa-se de maneira diferente em pessoas diferentes, não há factos comprovados porque não existem empresas disponíveis a ceder fundos a uma investigação inútil do género, mas pela minha experiência de vida e de bebedeiras (e tu, que tens 32 anos e te auto proclamas um brincalhão de primeira, devias saber isso melhor do que eu) e pelas regras simples de ciência orgânica dadas para aí no 4º ano não é difícil perceber a seguinte conclusão: corpos diferentes, reacções diferentes, cérebros predispostos a amar, sms de amor. Ok? A bebedeira é um processo químico, se a medicina ainda não descobriu o medicamento que tenha o mesmo efeito em 100% da população, o álcool vai ter?

Por fim (e juro que estou mesmo a terminar) se eu realmente te amasse deixa-me dizer-te que és um cabrão. Epá, e não te orgulhes disso, porque a mim já me disseram que me amam assim do nada e eu nem por isso lhes disse “backoff!” porque pensei: bem, se esta pessoa me ama e eu não posso amá-la da mesma maneira, pelo menos vou deixar isso claro e poder honrar o sentimento dela da forma que puder. Por isso, mesmo que não percebas nada do que acima explico, continuas a ser má pessoa Alexandre, pelo menos isso deveria pesar-te na consciência.
Respeito muito pessoas com coragem, e dizer amo-te não é fácil.

E não vou dar uma de “ah e tal usaste-me”, isso seria estúpido. Eu não sou assim e tu nunca me prometeste nada sem ser as poucas sms que mandaste (também bêbado, lá está, não percebo) a dizer que gostavas de mim quando ainda nem tínhamos estado sentados a falar uma única vez, ao fim de dois dias de conversa virtual. (Lindo, também gostavas de mim nessa altura no sentido lato da palavra ou era a bebedeira a falar? Lá está, daí vem a expressão “bebedeira a falar”, não fui eu que a inventei bebé. Ou agora também vais questionar anos de sabedoria popular? Ai, ai, - suspiro de paciência – coerência e boa memória nunca foram o teu forte, está mais que visto). Estás no teu direito, mas ao menos diz-me que te afastaste de mim porque cheiro mal, não faço a depilação no Inverno ou salivo imenso da boca quando falo e isso não é nada giro de se ver (e quero mesmo que faças uma representação mental disto, para poderes excluir a hipótese de que este mail é para te “reconquistar”). Ou diz-me antes que pretendias comer-me de trás para a frente mas depois percebeste que eu não era a miúda fácil a que estás habituado e não sabias como descalçar a bota. Acontece-me regularmente, não tenho culpa de ser gira e, simultaneamente, estar cheia de personalidade quando existe um estereótipo qualquer sobre as mulheres boas.

Não precisas ser meu amigo, amigos tenho eu de sobra, mas exijo o teu respeito, e aquilo não foi maneira de tratar uma pessoa. Eu quero poder ir aos concertos de Macacos sem ter-te a pensares que fui para te ver porque te amo, o mundo não gira à tua volta ya? Não és nenhum sol. E quero poder encontrar-te na rua sem que seja constrangedor, e espero esclarecer isto mesmo que não volte a falar contigo porque ser a comédia de uma banda de categoria B não faz o meu género. Pendura lá o teu troféu, eu sou um bom troféu, sei que sim, deves estar orgulhoso disso. Só uma pergunta: é esse o teu kick? O meu é coleccionar experiências com idiotas, ora aí está, também és o meu troféu.
Do género, agora nunca mais vou poder ir ao teatro no Tivoli comprar bilhetes? E nunca mais vou poder ir jantar a casa da minha amiga Marta que é tua vizinha? Ridículo.

Pá, sou mesmo transparente, cristal clear, por isso tinha de deixar isto claro. Caguei se não voltar a falar contigo, só não gosto de psicologia barata, e de pessoas que ficam com uma errada impressão de mim porque não souberam analisar-me. Aliás, eu pensei que tu, como tinhas taaaaanto sentido de humor (!) fosses perceber a porcaria das mensagens e fosses rir disso, assim como eu ri, no dia seguinte. Se há coisa que eu não sou é cobarde, e não me custa nada admitir ao mundo que te mandei uma sms a dizer “amo-te” mas as coisas não são assim tão lineares, não deixa de ser verdade se não for visto em perspectiva, é apenas rigoroso, mas é mais verdade se for contextualizado. E juro-te, se eu soubesse que não eras um cavalheiro e que andarias a pavonear-te com a merda de um concerto que foste ver comigo e mais uns quantos sms fora de contexto, nunca na minha vida me teria metido contigo no myspace. Já conheci homens das obras com mais classe que tu.

I.Y.F.F.M.F!: E sei que andaste a tentar ver o meu myspace. Isso foi lindo para o meu ego e para a construção (ou apenas reforço) da ideia que eu tenho da tua personalidade. Para quê veres o meu myspace? Quer dizer, eu tenho a obrigação de esquecer-te e a ti isso não se aplica? Bateu-te a saudade foi bebé? Queres ser infantil? Vamos ser infantis! Pelo menos eu tenho mais razões do que tu, tenho 21 anos porra.

P.S. Poupei-te ao trabalho de fazeres copy-paste, e mando em anexo o mesmíssimo texto num documento word para te facilitar o trabalho de impressão e levares aos ensaios, espero que a tua impressora tenha tinta, mas não vale omitires partes com uns simples cut, ya? E ao menos conta a história como deve de ser, deixa-os ler o documento com atenção, tenta ser minimamente rigoroso e não contes as partes do mail que apenas te interessam, isso não seria justo.
E faz-se só um favor: não te dês ao trabalho de me fazeres um “RE: hate mail” porque eu bloqueei as tuas possíveis mensagens. Não vais receber um “delivery status: failed”, mas também eu não vou receber nada por isso não vale a pena incomodares-te, para além de que o objectivo disto NÃO É obter uma resposta. Isto não é um monólogo, é apenas uma conversa de circuito fechado.
E não me venhas com balelas tipo amor e ódio estão bastante correlacionados, a sua linha é ténue, indiferença e desprezo é suficiente, blá, blá, blá, porque isso para mim é bullshit. Equivale quase aos homens de pénis pequeno que andam por aí a dizer que o tamanho nunca contou, percebes? Não posso evitar que te tenha conhecido, é mais um dos meus poucos defeitos mas olha – encolher de ombros –, digamos que o destino nem sempre me foi amigo, queres que faça o quê?
E quero também desconstruir desde JÁ a ideia de que este mail demorou duas semanas a cozinhar, que eu pensei bem no que ia dizer, que escolhi cuidadosamente os vocábulos e argumentos, blá, blá, blá. Mais bullshit. Nem por sombras. Demorou três quartos de hora inspirados num episódio de Dr. House, bebé. Pode custar-te a acreditar por estar escrito de forma tão transcendente e que te ultrapassa, mas eu tenho um futuro promissor na escrita, sou criativa e boa dactilografa, e óptima a entrar em transe e cuspir o que penso em curtos espaços de tempo. A minha escrita, tal como eu, só é perfeita por ser espontânea. Dou-te também uma possibilidade de comprovares este fenómeno que aqui descrevo (sou óptima a coleccionar palhaços mas também em não deixar pontas soltas): se fosses exímio na interpretação de prosa poética satírica ironico-inteligente, conseguirias, a partir do meu texto, interpretar através da velocidade implicitamente expressa no ritmo conferido pelos vocábulos e pontuação, que eu não demorei muito tempo a conceber isto. Como não és, eu que o sou e que tive 19.4 a Português A no Exame Nacional (by the way, a melhor nota do conselho de Setúbal), digo: no texto apresentado de prosa poética satírica ironico-inteligente, através da velocidade implicitamente expressa no ritmo conferido pelos vocábulos e pontuação, é fácil concluir-se que o seu autor não demorou muito tempo (cerca de três quartos de hora) a concebê-lo. A análise feita por mim é tendenciosa, eu sei, mas leva isto a alguém inteligente – existem mais especialistas na área – caso queiras aumentar o teu ego, que ele derruba logo por terra o teu mundinho narcisista assim em três tempos.

CASO NÃO QUEIRAS DAR-TE AO TRABALHO DE LER O TEXTO TODO, LERES ESTE PARÁGRAFO BASTA:

A título de conclusão, deixa-me pedir-te que, se me vires algum dia na rua, (porque Lisboa é pequena e tu um cagalhão no passeio) por favor finge que nunca me conheceste. É mais do que justo. Não te quero apagar da minha memória porque é-me fisicamente impossível e porque ser utópica e sonhar que algum dia tal seja possível pelas mãos da tecnologia e/ou medicina não faz o meu tipo, mas ter uma vaga lembrança bastará. Portanto, não me relembres, ya? Nada de “Eu sou o Alex, lembras-te? Aquele que hipoteticamente amaste...”, ok? Não quero ter de fingir que me lembro de ti, só farás má figura.

São 45 minutos da minha vida que te ofereço, ok, mas garanto-te que já perdi mais tempo a defecar, tenho um intestino tímido.



Legenda:
I.Y.F.F.M.F! stands for: in your fucking face mother fucker!"

04 May 2008

a interrogação silenciosa é a pergunta mais latejante de todas.

- Como é que viemos aqui parar? - Pergunta ela, aos tropeções tentando arranjar uma posição confortável naquela cama, tentando segurar a cabeça com toda a força do seu pescoço, tentando concentrar-se a minimizar o efeito do vinho, - hã? - Pergunta novamente, agora ainda mais infantil, esperando uma resposta dele. Ela olha à sua volta.
- Shh... - sussurra ele, pousando-lhe um dedo descoordenado sobre os lábios. Ele também está claramente bêbado, e pergunta-se se isto será um erro. Ela sabe, efectivamente, que aquilo é um erro. Mas a personagem feminina desta fantasia sempre se sentiu atraída por coisas erradas; aliás, tudo o que ela sabe fazer é errar, é essa a história da sua vida. É uma história baseada na sucessão de erros que vieram a demonstrar-se interessantes e que a levaram até onde se encontra hoje: um quarto de hotel luxuoso, imundo às custas duma vida boémia, pago pela empresa que os levou ali como colegas de trabalho. É isso que lhe dá prazer, de entre todas as luxúrias quotidianas a que sucumbe. Viver uma vida de erros dos quais nunca se arrependerá, porque estará demasiado bêbada para se aperceber deles. Viver uma vida de belos infortúnios, que sabe que lhe acontecem porque os homens são demasiado fracos para lhe recusarem algo. Ela afinal não é tão estúpida quanto isso. Apaixonada pelo proibido, pela vida, pelo pecado, sim. Estúpida, não. E a maior prova disso é que ela construiu a vida dos seus sonhos fazendo-se passar por estúpida.
E aquela relação, aquele rufar de tambores que agora se anuncia perante ambos, durou um ano a alcançar. É persistente, nem todo o tempo do mundo a demove dos seus objectivos. Foi paciente o suficiente para esperar por aquele momento. E agora finge que não está a dar por ele, que ele passa por si despercebido, que não foi ela que o perseguiu, que é mais um infortúnio, mais um daqueles que lhe acontecem.
- Que cliché, fazeres isso do shh, estás a tentar ser sensual? - Finaliza ela, já sabendo que aquela frase o deixará intrigado. É assim que ela trabalha, até ao momento do sexo, às vezes mesmo após, ela nunca se entrega, deixa-os sempre com o gostinho amargo da dúvida de que eles poderão, afinal, não a ter. Pelo menos naquela noite.

E assim, ele tropeça na sua teia. Sempre adorou a brutalidade sincera do seu discurso, "existem tão poucas mulheres assim, tão pouco confiantes ao ponto de dizerem a verdade", pensa. Isso excita-o ainda que de uma forma não física, que, porém, se transfere até o seu físico. Os homens inteligentes são assim, funcionam com o cérebro, é o membro deles que tem de ser estimulado sexualmente. E ela sabe-o, sempre o operou porque percebeu desde nova que o corpo não era o seu melhor atributo, era a sua inteligência e como a poderia usar: fazer-se passar por confiante, escolher ser misteriosa, fingir-se de ingénua quando é calculista, fingir-se dominada quando domina, e praticar a sua sensualidade com base na sugestão, sem nunca, nunca perder a classe. A beleza física, aliás, é efémera, e ela é inteligente que baste para perceber que não poderá fazer uso exclusivo dela para sempre.

Ele explica:
- Tu és a namorada oficial do não-sei-das-quantas, a paixão de dois dos meus colegas de banda e a amante do meu ídolo. Como é que podes ter espaço para mais um homem na tua vida? - Ambos riem de forma perversa, e as suas testas e narizes encontram-se; sentem agora o hálito latejante um do outro.
- Cala-te agora tu. Eu não sou tua, nunca serei. Portanto não terei de arranjar "espaço" para ti na minha vida. E se queres saber, eu só sou uma promiscua sabes porquê? - Diz ela, entre mais gargalhadas, arrastando as palavras, contorcendo-se, e com pausas desnecessárias. - Sabes porquê? Sabes? Não sabes... Porque eu apaixono-me. Sim, apaixono-me. Será normal? Gostar de mais que uma pessoa ao mesmo tempo? Eu vou para o inferno...

Ele beija-a, surpreendendo-a. Ela adora ser surpreendida. Ele sabe que aquele monólogo não irá a lado nenhum, sinceramente nem quer ouvi-lo. Deixou-se invadir pelo selvagem sentimento que o assola, apesar de todas as consequências que amanhã terá de enfrentar. Ele deseja-a demasiado para resistir ao seu perfume, aos seus lábios, à sua sensualidade tão espontânea.

Ela empurra-o:
- Contempla-me.
Ele não sabe bem o que fazer.
- Contempla-me! - Grita ela, num sussurro grave e de tom manipulador, porque aquela relação é segredo, é mentira.
Ainda sem saber o que fazer, ele sussurra o seu nome com uma clara terminação reticente, o típico sussurro de desejo.
- Contempla-me, diz que me queres -, insiste.
Ele não responde, ele nunca foi submisso. Custa-lhe porque ele quer aquele momento mais do que tudo, desde que se apercebeu que ela não era a burra que ele julgava ser. Mas este homem está habituado a dominar as mulheres, não o contrário. Ele quase que não acredita que tem 32 anos e que está quase, quase a ceder aos desejos de uma miúda de 21. Ele é o tipo de homem que tem groupies a toda a hora disponíveis, só porque toca numa banda. Mas esta não. Esta escolheu-o a ele, não o contrário, e ela quer deixar isso bem claro como a vingança da última vez que ele a julgou mais uma dessas fãs.
- Adoro ser adorada... - Sussurra ela, insistindo, adivinhando-lhe os pensamentos.
Ela agora está quase a oferecer-se a ele numa bandeja prateada, a mesma mulher que manipula o seu ídolo. Ela está de soutien preto, de um negro que lhe assenta perfeitamente no tom de pele, e de jeans justos. Desaperta o primeiro botão das calças, mostrando-se tímida, e fazendo um olhar que lhe diz que ela desapertará mais se ele a contemplar. Ele toma um momento e olha para ela com olhos de ver, agora sim, ele começa a ceder. Ela continua confiante e tímida, vira-se, brinca com a alça do soutien, puxa o cabelo para um lado e pede: "beija-me aqui", desviando o olhar para o seu pescoço.

Esta é uma mulher que não tem prazer no sexo, pelo menos não no coito. E ela já fez sexo vezes suficientes e com os mais diversos homens para saber que nunca terá prazer no sexo. Mas não é frustrada por isso. Ela arranjou maneira de contornar o problema. Preenche as lacunas do prazer físico com prazer emocional. E o autor deste texto não se refere a amor ao mencionar prazer emocional. Tudo o que ela tem é a emoção, já que fisicamente é frígida, então desafia-se a controlar os homens mais controladores, a infantilizar os homens mais adultos, a tornar fracos e submissos os mais confiantes. A superá-los; é isso que lhe dá prazer. Ela quase que se vinga do prazer que nunca terá, humilhando-os psicologicamente. Quando começam, ela transmite sempre a mensagem subliminar que terá de ser à maneira dela, ou não será.

Enquanto ele a beija, louco de respiração ofegante, enquanto ele a bajula fazendo do seu corpo um santuário de prazer, exactamente como ela impôs, ela luta por afastar-se dos seus pensamentos. "Meu Deus, como amo este homem... Como sou louca por ele... Vai partir-me o coração sair deste quarto e dizer-lhe que não o quero...", e concentra-se, tentando tirar máximo partido daqueles poucos momentos que alguma vez terá com o homem dos seus sonhos. E concentra-se, construindo a imagem mental da forma mais fria de o abandonar. Por minutos deixa-se levar, fraqueja ao pensar que poderia cometer este erro. Deixar-se levar, deixar-se apaixonar mais uma vez. "Seria o erro do erro", pensa. E lembra-se de como é tentador errar.

Ele está agora em êxtase, e ela levanta as sobrancelhas a si mesma, numa sensação de congratulação. "Foi por este momento que esperei. Não posso esperar mais, senão desisto e caio no erro do meu erro propositado, não pode ser". Ao passar por estes pensamentos, já quase completamente despida, alcança o seu pénis e verifica como está: duro, erguido, latejante. Ele já começa a expirar profundamente, em sinal de quem não aguenta muito mais.

"É agora."
Começa a beijar lentamente a barriga dele num trajecto descendente que acabará no seu pénis. Ele antecipa-se, e assume a posição típica de sexo oral; a posição egoísta que os homens assumem quando sabem que terão o seu tipo de prazer sexual preferido e, melhor ainda, o que lhes dá menos trabalho. Recosta-se então, atirando a cabeça para trás. E insinua-se, relaxando os músculos de todo o corpo, exceptuando aquele único músculo que não consegue relaxar. Ele pretende tirar o máximo prazer disto. Daqueles lábios que se adivinham quentes e húmidos.

Um gemido de antecipação pode ouvir-se. Ele agora geme e suspira pelo prazer que terá.
Ela finalmente chega ao fim do seu caminho de beijos suculentos. Toma um momento, uma pausa, e espera que ele abra os olhos para tentar perceber o que se aproxima.

"É agora."

Ela levanta-se, pega nas suas roupas e sai do quarto ainda despida, sem proferir uma única palavra.

Abandonou-o no pico da sua paixão sem uma única explicação, assim com ele o fez um ano atrás.

Mais do que por ele, ela sempre se sentiu atraída pelo prazer de trazer justiça poética à vida, pelo menos à sua vida.

03 May 2008

(mais) um de muitos

Faço o quê? E agora que sou confrontada com tudo o que sempre quis faço o que?
Os sonhos não deviam ser-nos entregues assim de bandeja, deveriam dar mais luta para que seja possível saboreá-los.

Se assim for, que sonho é?

(pior do que as pessoas que só querem o que não podem ter, são as que não sabem o que querem.)