30 June 2007

Isto não sou eu a exagerar, juro.

Isto põe em causa tudo aquilo que sou. Tudo aquilo em que me orgulho. Todas as razões que me tenho dado para viver.






E se eu não for assim tão gira? E se eu não for assim tão íntegra? E se os meus amigos não forem assim tão amigos? E se eu viver numa pequena bolha onde não consigo olhar para mim de fora dela e, ver de dentro para fora - iludida que estou a ver de fora para dentro -, a realidade é um tanto destorcida?






E se acreditar em tudo o que acredito tem sido um enorme, redondo erro?






"Isto" não é nada, é simplesmente isto. Sou simplesmente eu a ser estúpida e a fazer pouco sentido, e a expressar os meus sentimentos num blog, visto que na vida quotidiana os reprimo.


Isto sou eu a tentar ser compreendida, porque sou demasiado estúpida para não o fazer.



"Isto" é um escape. Um escape que purga toda a miséria, toda a cólera, toda a merda.
Sem ele estaria perdida, consumida em ira: um dos sete pecados capitais - não deve ser por acaso.






Porquê que eu não me salvo, e estou à espera de ser salva?




"you'll rescue me right,


in the exact same way they never did?


I'll be happy right,


when your healing powers kick in?


you'll complete me right?


then my life can finally begin


I'll be worthy right?


only when you realize the gem I am





but this won't work now the way it once did


and I won't keep it up even though I would love to


once I know who I'm not then I'll know who I am


but I know I won't keep on playing the victim





these precious illusions in my head


did not let me down when I was defenseless


and parting with them is like parting with invisible best friends








(...)


this pill will help me yet?


as will these boys gone through like water





but this won't work as well as the way it once did


cuz I want to decide between survival and bliss


and though I know who I'm not I still don't know who I am


but I know I won't keep on playing the victim





these precious illusions in my head


did not let me down when I was a kid


and parting with them is like parting with a childhood best friend








I've spent so long firmly looking outside me


I've spent so much time living in survival mode"

26 June 2007

Aquela ali, não sou eu.

Tentei fazer da minha dor arte, mas sou limitada.
Limito-me recolhendo todas as energias a sentir essa dor, por ser o sentimento por excelência. Por ser eu em forma de ti. Por seres tu através de mim.
Então vou deprimir, e nada farei dela ou de mim. Não consigo dar-lhe a utilidade que merece porque não sou confiante o suficiente para ousar crer que será pertinente para alguém que não eu.
Então vou deprimir.
Vou continuar a refugiar-me no ilogismo do amor como cobarde que sou.
E vou sofrer e chorar e sofrer e chorar uma e outra vez.
Porque a dor que me infliges é tudo o que tenho, e nunca poderia ser atenuada, tanto fosse ela propositada ou não. Se fosse propositada seria má o suficiente, se não fosse seria terrível.
A minha cobardia também não me permite abstrair-me de mim própria, estou condenada por existir.
Ou sequer deixar-te partir, estou condenada por existir .
Ou ousar permitir-me amar outro alguém, estou condenada por existir.
Sendo esta a maior montanha que já alguma vez senti, e sendo eu a única dona daquilo que sei sentir, se encontrar uma outra – passível de ser sentida por mim – simplesmente enlouquecerei. Mais ainda. Portanto não posso, estou limitada por existir. E não o faço pois na esperança que a loucura presente ainda esteja a tempo de ser reversível (vá-se lá saber de que forma).
E assim continuarei a desperdiçar inspiração, só e porque de outra forma não poderia ser, estou condenada pela minha cobardia, e por existir – será esta última frase redundante?
Sou passiva, tão passiva, que encolho os ombros perante isso. Não me é dada escolha na construção da minha própria identidade ao longo do processo de te amar porque é isso que agora me identifica: o facto de não conseguir fazer a menos condiciona toda a minha existência e compromete toda a minha identidade.


E o contrário não pretendo, tentar seria um desperdício de tempo, sei que estou condenada pelo meu existir.

25 June 2007

Tudo é alegoria, e fugir de nós mesmos só é fácil para quem está habituado a fazê-lo.




"Girls can wear jeans
Cut their hair short
Wear shirts and boots
'cause its ok to be a boy

But for a boy to look like a girl is degrading
'cause you think that being a girl is degrading
But secretly you'd love to know what its like,
Wouldn't you?
What it feels like for a girl

Silky smooth
Lips as sweet as candy, baby
Tight blue jeans
Skin that shows in patches
Strong inside but you don't know it
Good little girls they never show it
When you open up your mouth to speak,

Could you be a little weak?

Do you know what it feels like for a girl?
Do you know what it feels like in this world,
For a girl?

Hair that twirls on finger tips so gently, baby
Hands that rest on jutting hips repenting
Hurt that's not supposed to show
And tears that fall when no one knows
When you're trying hard to be your best
Could you be a little less?"

Madonna, "What it feels like for a girl"

11 June 2007

com a verdade me enganas

"-Não gosto de ti, és feia e burra."

apneia.

Quase que o vejo a falar comigo. Fecho os olhos e sustenho a respiração. E imagino-o. Ele diz-me qualquer coisa, o tema não importa. O tempo e o espaço muito menos. A dor de suster a respiração quase que torna a minha fantasia real. Acrescenta-lhe uma dimensão física. Confere-lhe dor. Confere-lhe tempo, espaço, sentimento. Se nada sentir, menos real será. Sustenho a respiração o maior tempo possível, porque quanto mais aguentar, mais tempo durará aquela pequena meditação que me confere um realismo incrível do diálogo que ele está a ter comigo. Sinto-me afogar... Respiro. E a dor acaba, o sentimento da dimensão física termina, a fantasia desvanece-se. Volto a suster a respiração. A dor torna-se mais intensa, o cérebro lateja-me, e vejo-o. É clara a imagem. Simultaneamente, mais uma vez numa situação agridoce, tenho a mais pura das sensações de serenidade, e a mais intensa sensação de dor. Dor que é física. Quero-o. Quero-o mais que tudo aqui, presente, agora, comigo. E afinal o tempo já é importante: agora.
Consigo ouvir o seu tom de voz fantástico... não penso em nada. Nem aqui estou. Viajo sem drogas ou aeroportos, viajo no contexto espacio-tempotal apenas com o poder da mente. O poder do desejo. Obrigo-me a sonhar acordada, já que os sonhos recalcados no meu inconsciente não me falam de ti. Ou falam, mas na linguagem mística dos sonhos, e eu não tenho paciência para isso, eu quero ver-te.
E as tuas interrogações? Aqui, aqui mesmo, as consigo ouvir. O silêncio da solidão sussurra-me com a tua voz, e fala-me em interrogações. Todas as interrogações com a tua voz sabem bem. É o ênfase que dás nas últimas sílabas da frase, que se transforma num pequeno, subtil, camuflado assobio. E um assobio com uma ilusão nobre. Um falar cortês que te é tão natural... Porque algo assim nunca poderia ser forjado, daí a tua nobreza natural, o teu sangue azul genuíno. A nobreza não está na linhagem, nem na família, nem na educação. Nem nos genes. A nobreza é puramente pessoal. Nasce uma pessoa verdadeiramente nobre de cem em cem anos. E não se vê a nobreza pelas posses, pela cor da pele, pela família, por nada disso. Vê-se pela sua postura. Se uma pessoa tiver de ser nobre, pode ter crescido numa favela do Brasil que um dia ela encontrar-se-à e será distinta de todas as outras pessoas por ser um exemplar exímio de nobreza, e isso simplesmente sabe-se. Tu deves saber que és nobre. Seja de que forma for. Sabes-te superior. Ou porque desvendaste algum segredo existencialista que é demasiado difícil de explicar aos comuns mortais, ou porque nasceste assim. Sentes-te assim, superior, e só o facto de acreditares nisso como um dado adquirido, ninguém se incomoda a negar. És uma dessas pessoas abençoadas com sucesso. Seja o sucesso que quiser. Seja o sucesso de fazer da sua dor arte, da sua depressão comédia, da sua pobreza riqueza, da sua diferença distinção. Seja o que for. És mais que todos nós sim, só por seres tu mesmo. E isso nota-se no assobio das tuas interrogações, porque não há assobio igual. Se queres mesmo ganhar uma argumentação ganhas. Lanças aos comuns mortais duas ou três interrogações retóricas e nós, hipnotizados pelo som melódico do teu assobio, não saberemos contra-argumentar.
És fantástico porque és uma ilha. Sabes-te superior e só isso te importa, viver em Alcatraz. Fechado. Isolado. E mostras-te a quem queres, e tens o que pretendes, e encontras o que procuras. Porque és grandioso demais para dares-te ao luxo de não seres um ser intrinsecamente social, porque és grandioso demais para te dares ao luxo de rejeitares qualquer ritual social (que nós, porém, temos uma necessidade enorme de respeitar), porque és quase divino e ultrapassas tudo o que nós valorizamos. Valores como o amor, a amizade, a lealdade, o respeito; são tudo coisas plebeias para ti. Sabes que são coisas mundanas, estúpidas. Para ti nada disso existe, esses são simplesmente elementos ilusórios que os mortais criam com o único propósito de darem alento à sua pequenez na vida. E eles são fascinantes por criarem esses mecanismos de auto defesa para a depressão, de viverem numa ilusão por eles criada, mas tu és ainda mais fascinante por teres desvendado o sentido e o significado da vida. E não o partilhas com ninguém porque simplesmente tens essa escolha. Por isso és divino. Estás sentado na tua esfera lado a Deus (outro elemento de auto defesa), sabes tanto quanto Ele.
Manipulas os mortais quais marionetas num místico perverso jogo que para ti deve ser divertido, com um distorcido ideal de livre arbítrio e justiça. Mas o livre arbítrio e a justiça são elementos ilusórios quando tudo sabes e tudo prevês. É só isso que te torna omnipotente: tudo aquilo que sabes mais do que nós, é tudo aquilo que utilizas contra nós, disfarçado de um livre arbítrio. E és egoísta e injusto, igualzinho a Deus. Fazes-nos sofrer com a dor do teu silêncio e ambiguidade das tuas respostas, sob o pretexto de aprendermos alguma lição que nunca aprenderemos, ou de pôr-nos a uma prova que falharemos.
E não nos dás respostas. E só poderias ser considerado ingénuo ou algo menos que divino a menos que quisesses.
E ao aperceber-me de tudo isto, chorei por nada ser e nada compreender, e chorei por ter de utilizar tantos vocábulos numa tentativa desesperada de ser como tu e assim de me salvar. E peço perdão se tive de utilizar tantos termos incorrectamente ambíguos para me explicar. E peço desculpa por ser normal. Porque a tua linguagem é transcendente, e eu assim não sei falar. De transcendente só sei suster a respiração.
Se tudo souber, se em ti me transformar, pode ser que te tenha então, num processo descabido de correlação.

A propósito de nada.

Há coisas, sinceramente, que nunca pensei vir a testemunhar no mundo dos adultos. O secundário já foi há imenso tempo, e parece que já me tinha esquecido das atrocidades de que somos capazes em prol do nosso próprio ego. Ao crescermos devíamos tornar-nos pessoas mais confiantes e seguras de si, não? Agora que temos uma melhor ideia do que somos, de quem não queremos ser, de onde viemos e principalmente para onde vamos, não deveríamos ter a nossa identidade já definida ao ponto de sermos seguros e confiantes daquilo que fizemos de nós próprios? Não deveríamos reclamar a nossa identidade justificando-a simplesmente com ela própria? A nossa identidade deveria ser a causa de si própria. Porque é isso que ela é. E apesar de o conceito identidade ser uma coisa complexa, é só isso que ela pode ser, nada mais.
Porquê que, ainda hoje em dia, as pessoas têm uma necessidade de reclamar a sua superioridade não por ela em si, mas sim sublinhando a inferioridade dos outros? Que imagem distorcida é esta que nos faz crer que quando o outro é menos, então nós seremos mais? Pensei que os adultos, ou os jovens adultos – especialmente os que são obrigados a fazerem essa transição de amadurecimento (porque sim, porque faz sentido, mas especialmente porque a vida profissional não está longe) –, tivessem deixado as ditas mesquinhices de parte à muito. Com pesar, admito ter-me equivocado. Estava ingénua (sim, estava, não é gaffe gramatical. Estava porque não estou, estava porque não sou) e quis acreditar, digamos, na cristandade das pessoas. Seria de esperar que os traços gerais (bastante gerais!) do cristianismo fossem as bases onde assentam a nossa sociedade (já que ela é constituída por uma maioria de cristãos declarados). Seria de esperar que essas mesmas bases gerais fizessem parte do senso comum, da educação geral da população. Chego mesmo a acreditar que esses valores não são sociais, mais sim genéticos, transmitidos em nós pela corrente sanguínea. Até um vagabundo percebe esses conceitos de igualdade, justiça, compaixão, fraternidade. Todos nós os entendemos, e custa-me perceber como é que as pessoas conseguem desejar algo que nem elas cumprem. Como podes tu, desprezar o que desejas? Como podes não cumprir com o que rezas? Aquela coisa de amar o próximo, de perdoar, de não tentar colmatar uma injustiça cometendo outra, de saber que violência só gera violência, etc. Coisas triviais, frívolas até, já cansadas nos reportórios de alguns cristãos tolos. Eles são tolos sim, tolos que ambicionam um mundo melhor. Um bocado como os anarquistas. Que ironia, doutrinas quase dogmáticas à partida antagónicas, terem tanto em comum. Pessoalmente não sou cristã, e a fé não é algo que me acompanha. Mas gostaria. Gostaria de ter um alento para viver, para não andar perdida a questiona-me que é feito da boa vontade das pessoas, e a produzir textos que mais parecem o sermão Domingo do padre da paróquia mais próxima.
O que sinceramente me desilude, e abandonando o tema da religião, para além da minha ingenuidade e fé nas pessoas (afinal tenho fé, sim, acredito que toda a gente, à partida, não me magoará), é o ponto até onde certas pessoas nos conseguem destruir (com poucas e aparentemente inofensivas palavras) para conseguirem (re)construir-se. E mais do que isso, é a inteligência e a energia que empenham em tão desprezível acto, com o objectivo de o fazerem de forma camuflada, tão matreira que magoa pelo humildade que aparenta ter. Ouçam e pensem. Eu e tu somos duas dimensões completamente diferentes. O facto de eu ser bom, não invalida o facto de tu também seres bom. Para quê essa competitividade reprimida com o próximo, se o troféu não é único? Se eu for bem sucedido, sendo eu uma dimensão diferente de ti, tu não és necessariamente mal sucedido porque não tens necessidade nenhuma de te comparares a mim. Portanto, – e desculpem se subestimo a vossa inteligência, meus poucos leitores, é que repetir-me assim nem sequer me agrada, é só uma figura de estilo para ver se imprimo de forma clara no espírito de duas ou três pessoas o que tento explicar – se eu for mais, tu também podes ser mais (e não precisas de, em comparação, ser menos); e o facto de eu ser menos, não te torna mais. Então, se isto é-te bastante claro e simples, porquê que tens essa necessidade constante de afirmar-te superior (re)lembrando-me da minha inferioridade? E não deveríamos nós orgulhar-nos do sucesso das pessoas que nos acompanham porque, ao menos, é a prova de que soubemos escolher as nossas amizades? Porquê que, ao contrário do que se pensa, o sucesso dos outros não pode ser o nosso sucesso também? Se existe uma descabida prorrogação nas dimensões do “eu” e do “tu” que é, a meu ver, uma correlação passivo-agressivo-negativa (adoro inventar palavras), não vejo razão porque não essa contaminação de dimensões não pode, simplesmente, ser positiva. É que na infância e na adolescência, somos mesquinhos sim, e o somos quase com um orgulho que não é natural, a cada oportunidade. Mas somos desculpados por estarmos ainda sob a pressão de termos de construir a nossa própria identidade – o que é uma coisa que nos deixa um tanto à toa, pela sua existência quase completamente auto-didacta. E porra! Ao menos somos mais sinceros, porque dizemos aquelas coisas como: “olha, olha, eu tenho isto que tu não tens!”, e deitamos a língua de fora porque somos simplesmente idiotas. Mas porquê que o facto de o outro nos invejar nos dá tamanha sensação de imponência? Bem, vou desistir de fazer interrogações retóricas às quais não encontrarei respostas, vou simplesmente ser um de nós. Porque já o sou.

03 June 2007

Apaixonei-me. (o blog já começa a descambar)


A ver se substituo uma obsessão por outra. Não menos ridícula mas...


Também é actor, também tem uma banda de merda a fugir para o emo juvenil, também é incompreendido, e também é um pouco homo-erótico. Havias de gostar dele.



É tão cliché, gostar de homens com essa cor de olhos.

Partes de mim, que são partes de ti.




You're beautiful so silently
It lies beneath a shade of blue
It struck me so violently
When I looked at you
But others pass, they never pause,
To feel that magic in your hand
To me you're like a wild rose
They never understand why
I cried for you
When the sky cried for you
And when you went I became a hopeless drifter
But this life was not for you
Though I learned from you,
That beauty need only be a whisper

I'll cross the sea for a different world,
With your treasure, a secret for me to hold
In many years they may forget
This love of ours or that we met,
They may not know how much you meant to me.

I cried for you
And the sky cried for you,
And when you went I became a hopeless drifter.
But this life was not for you
Though I learned from you,
That beauty need only be a whisper

Without you now I see,
How fragile the world can be
And I know you've gone away
But in my heart you'll always stay.

I cried for you
And the sky cried for you,
And when you went I became a hopeless drifter.
But this life was not for you,
Though I learned from you,
That beauty need only be a whisper
That beauty need only be a whisper

Faz-me um filho.

Sim, faz-me um filho.
Desfigura-me o meu já imperfeito corpo com os teus genes.
Dá-me a única coisa que posso ter tua, a honra de perpetuar a tua beleza por mais uma geração. Já to expliquei noutro post.

Ainda por cima és o único filho homem de uma família de quatro irmãos. Quero ter os teus genes dentro de mim por nove meses, e depois por uma vida. Quero exteriorizar o meu amor por ti, materializá-lo; já que o resto não preciso.



02 June 2007

É o sentimento que fica por identificar.

É uma coisa assim... que me assola.

E o único desejo que advém dela, é um puramente altruísta.
Nem feliz o quero fazer, porque sei que não posso.

Pergunto-me simplesmente: será que ele sabe? Que ele percebe? Terá ele o direito de saber?

Só isso, que me assola.
Porque amá-lo (em algum segredo) é quase satisfação suficiente.

Sou louca, sim. Choro ao ver comédia, rio ao lembrar-me de coisas que são tristes, e mato saudades pelo you tube.