"Sê minha ou esquece-me."
Adorei a frase, o desafio, o ultimato. Apetecia-me ter respondido com um "sou tua", mas fui sensata porque lembrei-me dos tropeções que tenho dado na verdade.
Que tal a frase dele, para fatalismo? Que tal. A simplicidade e brutalidade dela. Amei-o, naquele momento. Um momento antes tinha-o odiado. Um momento depois odiei-o uma vez mais, porque aquela frase fez-me fritar o cérebro a pensar nela, e as que se seguiram ainda mais. Juro que dormi uma sesta de quatro horas, tal não era a exaustão psíquica. E depois, quando acordei, o silêncio, a resposta mais (des)interessante de todas. Uma merda.
Ele não responde às minhas perguntas. Aprendeu politiquices na televisão.
Ele adianta-se às minhas reacções, protegendo-se. Aprendeu com a cobardia da idade.
Eu não estou ao alcance dele? Espero que o tenha dito por ironia.
Não vai resultar e tem medo e quer ser meu amigo depois da sms que iniciou este debate? Suponho que nunca me senti atraída pela coerência.
Não sei porque ele o disse, não sei porque me perguntei tal coisa.
Ele é louco. Enlouquece-me por transferência, tal não é a agressividade da sua estupidez.
Uma relação comigo própria nunca resultaria, talvez ele afinal tenha razão. Hoje mesmo, não resulta, é uma relação em que fujo de mim mesma constantemente, nos meus debates internos e fundamentalistas, para não enlouquecer num auto-conflito de pura bipolaridade. Já que não posso sair de mim, abstrair-me de mim, fujo de mim. Corro em forma virtual na direcção oposta.
Ele é demasiado eu, a minha alma gémea incompatível.
Ele é a personificação da emoção, ele é tudo.
Um bocadinho demasiado tudo.
Demasiado querido,
emotivo,
cómico,
exuberante,
sincero,
giro,
psicótico,
invulgar,
distinto,
feliz,
infeliz,
bipolar,
talentoso,
irracional,
dramático.
Vive as suas emoções exactamente como eu, hiperbolizando-as à exaustão, com a consequência de se tornarem efémeras, fortes e fracas num único momento, fugidias, frágeis, belas e feias, desproporcionais.
Não posso.
Isso sou eu.
As nossas discussões são paixão.
As nossas conversas são paixão.
Todos os nossos diálogos, seja de que natureza forem, são paixão.
Somos paixão desde o 6º minuto de conversa que tivemos. Só fomos neutros um com o outro durante 6 minutos desde que nos conhecemos.
Demasiada paixão.
Há que haver um equilíbrio, chego a crer que às vezes a loucura dele me ultrapassa.
Já apaguei o número dele, não posso voltar a sofrer, não posso deixar que voltem a partir-me o coração, para isso seria necessário que estivesse, pelo menos, inteiro.
Demasiada paixão é perigoso? A pergunta é tendenciosa.
16 April 2008
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